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    Prefeitura de SP aprova aluno com nota vermelha

    FÁBIO TAKAHASHI
    DE SÃO PAULO

    08/12/2014 02h00

    Os estudantes das escolas municipais de São Paulo serão aprovados de série mesmo que tenham nota vermelha em todos os bimestres, afirmou o secretário de Educação, Cesar Callegari.

    Para professores e diretores de escola, isso contraria o discurso oficial de que há mais rigor com os alunos da rede municipal.

    Na prefeitura, uma das principais medidas adotadas por Fernando Haddad (PT) na educação foi aumentar o total de séries em que o aluno pode ser retido.

    Até então, a reprovação poderia ser feita apenas em duas das nove séries, no sistema chamado de ciclos. Passou a ser em cinco séries, a partir desse ano letivo.

    Mas, segundo o secretário, o importante é avaliar se o aluno tem melhorado ou possui potencial para continuar na turma. "O sujeito teve 3, 2, 2, 4 [notas bimestrais] e, como ficou tudo no vermelho, será reprovado. Não é isso. Queremos avaliação do processo inteiro", disse à Folha.

    Essa diretriz é criticada por profissionais da rede de ensino. Eles acham que a gestão Haddad faz um discurso de cobrança de desempenho dos alunos, mas na prática evita que eles sejam retidos.

    Gestores têm de se equilibrar entre o fato de a reprovação aumentar a evasão e a pressão dos professores pela adoção do mecanismo, sem o qual teriam de aprovar quem não aprendeu.

    Quando apresentou as mudanças, que incluíram provas bimestrais, Callegari havia afirmado que a ideia era mostrar que "educação é trabalho". As notas também passaram a ser de 0 a 10 -antes eram conceitos.

    Na semana passada, o Sinesp (sindicato dos diretores de escolas municipais) divulgou comunicado em que chama de "politiqueira" a ampliação da possibilidade de reprovação de duas para cinco séries.

    A entidade diz ter denúncias de que diretores de ensino estão pressionando as escolas a não reprovarem. O processo de avaliação dos alunos está em fase final.

    "Se a administração não quer mais o que está escrito nessa portaria, deve revogá-la", afirma o sindicato.

    Uma professora que leciona na zona norte disse, sob condição de anonimato, que as reuniões no começo deste ano com os dirigentes indicavam que haveria liberdade para reprovar alunos.

    Agora, porém, a recomendação é que se reprove menos de 10% das classes, independentemente da situação dos estudantes.

    "As decisões finais sempre couberam ao conselho de escola, formado por professores. O que nos incomoda é que o discurso para a sociedade é que os alunos podem reprovar. E na verdade quase nenhum vai", disse ela, que atua desde 2002 na rede.

    O vice-presidente do Sieeesp (sindicato das escolas particulares de São Paulo), José Augusto Mattos Lourenço, afirmou que a política de reprovação nos colégios privados é diferente.

    A análise da evolução do aluno só é considerada para aprovação se as notas estiverem muito próximas do mínimo exigido. "Com 2, 3, 4, ele nem vai para o conselho de classe e é reprovado."

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