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    escolha a escola

    Reforma do ensino médio pode requalificar formação profissional

    LOBO BRAGA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    10/09/2017 02h00

    Apenas cerca de 8% dos alunos do ensino médio no Brasil pertencem ao nível técnico, segundo tabulação de dados do Censo da Educação Básica feita pelo Movimento Todos Pela Educação. É um número muito baixo quando comparado à situação de países europeus, por exemplo.

    A participação dessa modalidade é bem maior em outros países, de acordo com o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional: na Finlândia, na Áustria e na Alemanha, alunos do ensino técnico representam, respectivamente, 70,4%, 69,8% e 47,8% dessa etapa da educação.

    Uma das razões que explicam o baixo interesse dos estudantes brasileiros por esse tipo de ensino é o estigma que ainda o envolve.

    Instituída em 1909 no Brasil, a educação profissional nasceu com um caráter assistencialista, voltada para os filhos das classes sociais menos abastadas.

    "O preconceito vem de uma sociedade calcada na ideia de que as profissões mais prestigiadas decorrem do mundo acadêmico", analisa Arthur Fonseca Filho, que é diretor da Associação Brasileira de Escolas Particulares. "Isso faz parte do contexto social do país como um todo, não é do contexto específico da escola."

    Priscila Cruz, do Todos Pela Educação, acredita que a visão sobre o ensino profissionalizante dependerá da forma como for implementado.

    RESSIGNIFICAÇÃO

    "A lei abriu uma possibilidade de ressignificar o ensino técnico no país: se um Estado articula a formação às áreas estratégicas para o desenvolvimento socioeconômico, isso pode ser maravilhoso, mas se a oferta for defasada, podemos ir para outro extremo."

    O desejável é que as escolas técnicas estejam muito mais próximas do mundo do trabalho real.

    Outro pensamento do senso comum que, atualmente, já está sendo posto em xeque é a ideia de que os alunos desses cursos tendem a ir para o mercado de trabalho sem ao menos refletir sobre as possibilidades da vida acadêmica.

    A estudante Danielly Costa, 17, é um exemplo que desmente isso. A garota faz o curso de técnico em edificações do Liceu de Artes e Ofícios, e deve concluir sua formação no fim deste ano.

    "No ano que vem, quero continuar na área da construção civil, que é o que eu realmente gosto de fazer", diz a jovem. "Após conseguir um trabalho, vou me preparar para o vestibular."

    A formação técnica, neste caso, poderá ser complementada com cursos superiores de arquitetura e urbanismo ou engenharias.

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