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    Um reconhecimento à causa

    SUZANA PÁDUA

    02/06/2016 02h00

    O bom de ser reconhecido com o Wildlife Conservation Award (Prêmio de Conservação da Vida Selvagem), oferecido pelo Jardim Botânico e Zoológico de Cincinnati, nos Estados Unidos, é ver a causa pela qual Claudio Pádua, eu e nossa equipe no IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) temos vivido ganhar atenção.

    Como a que tivemos ao sermos laureados em abril em uma noite de gala para uma plateia de quase 300 pessoas em Cincinatti.

    Notório desse reconhecimento é a lista de pessoas que antecederam a mim e ao Claudio. Entre os agraciados estão Jane Goodall, que dedicou sua vida aos chimpanzés; e o cientista e pensador "pai da Ecologia", E.O. Wilson, além do "Rambo" da conservação, Russell Mittermeier, da Conservation International, entre outros.

    E por que o IPÊ mereceu essa honra? Os trabalhos que desenvolvemos integram o ambiental com o social, pois a equipe compreende que não há como dissociar o ser humano de seu meio natural.

    Com isso, ao mesmo tempo em que protegem espécies ameaçadas como o mico-leão preto, a onça, a anta e outros, se preocupam também em trazer alternativas sustentáveis para comunidades que vivem nas proximidades do habitat natural onde realizam seus trabalhos.

    O diretor do Zoológico de Cincinnati, Thane Maynard, considera esse um dos pontos fortes do IPÊ.

    "A parte mais importante do trabalho deles é que, desde o começo, os Paduas entenderam que a conservação eficiente de espécies necessita do suporte das comunidades. Eles ajudaram moradores das áreas próximas das florestas que eram casa para os micos, a entender que a conservação do mico-leão preto não apenas protege a Mata Atlântica, já tão ameaçada, mas também melhora suas próprias vidas", disse ele.

    É uma grande satisfação ver nossos propósitos valorizados, pois a ideia é disseminar o que acreditamos.

    Isso inclui a importância de se proteger as riquezas ambientais e sociais do Brasil e espalhar a noção de que é possível adotarmos a sustentabilidade como caminho para um desenvolvimento que preze a vida humana e não humana.

    Todos ganham com isso, e a sensação é de gratidão porque o prêmio adquire, assim, uma dimensão ainda maior.

    Não é todo dia que brasileiros ganham prêmios internacionais prestigiosos. A importância vai além dos ganhadores, pois a causa merece ser divulgada pela sua urgência.

    Trata-se da conservação da natureza e questões ligadas à sustentabilidade que o IPÊ desenvolve com uma equipe de excelência, que hoje compõe a organização sem fins lucrativos fundada em 1992.

    Nosso trabalho tem sido reconhecido por instituições de renome como o Whitley Award do Reino Unido, Prêmio Rolex, Fundação Ford, Prêmio Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, além do Empreendedor Social, conferido pela Folha e pela Fundação Schwab em 2009.

    No ano passado, recebemos o Prêmio Nacional de Biodiversidade oferecido pelo Ministério do Meio Ambiente.

    Os programas integrados do IPÊ hoje encontram-se em quatro biomas brasileiros (Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado) e conta com braço educacional forte.

    A ideia é formar gente nas diversas áreas ligadas à conservação e à sustentabilidade para fomentar um grupo apto a proteger as riquezas socioambientais do Brasil, país líder em megadiversidade do mundo.

    SUZANA PÁDUA, presidente do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), é membro da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais

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