Muitos pais lamentam que os filhos crescem muito rápido, que bom mesmo é quando elas ainda são crianças e que "parece que foi ontem" que eles eram bebês. Exagero? Talvez, mas algumas vezes as crianças se desenvolvem muito antes do que deveriam.
A chamada puberdade precoce caracteriza-se quando crianças --meninas com oito anos ou menos e meninos com até nove anos-- desenvolvem características físicas que normalmente surgem apenas na adolescência.
Ela pode ser causada por diversos fatores --desde predisposição genética até alguma doença, como um tumor. Meninas são as principais vítimas desse distúrbio --a proporção é de cinco delas para cada menino afetado.
"É um fenômeno mundial, as crianças estão se desenvolvendo mais rápido. Isso se deve a uma alimentação melhor e ao fato de que eles ficam menos doentes. O problema é quando essa puberdade acontece muito antes do normal, porque, além de prejudicar o crescimento, isso faz com que a criança se sinta diferente das demais", afirma a endocrinologista Angela Spinola-Castro, integrante da diretoria do departamento de endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ela estima que o problema atinja 10% das crianças do país.
A puberdade precoce é classificada em dois tipos: a verdadeira caracteriza-se quando a glândula hipófise produz hormônios responsáveis pelo estímulo dos ovários, nas meninas, e dos testículos, nos meninos.
Nas garotas, os ovários começam a produzir estrógeno e progesterona, que estimulam o crescimento das mamas e dos pêlos pubianos e o amadurecimento do sistema reprodutor --daí a menstruação. Nos meninos, os hormônios fazem com que o testículo produza testosterona, que é o responsável, entre outras coisas, pelo crescimento dos testículos e pela produção de espermatozóides.
O outro tipo é chamado pseudopuberdade precoce. As glândulas supra-renais produzem hormônios que causam o aparecimento de pêlos.
O primeiro sintoma costuma ser o crescimento das mamas, nas meninas, ou dos testículos, nos meninos. Mas o pediatra é a pessoa indicada para fazer o diagnóstico.
As crianças que têm o distúrbio costumam crescer de repente, mas depois o crescimento pára --antes que a pessoa atinja a altura normal. Além disso, as vítimas de puberdade precoce podem se sentir discriminadas, pois são fisicamente diferentes dos colegas. "É fundamental o acompanhamento psicológico para pais e filhos", recomenda a endocrinologista Vivian Estefan, do Hospital Edmundo Vasconcelos.