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    Hormônio do estresse é testado para reduzir fobia de altura

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    29/03/2011 09h52

    O cortisol, hormônio liberado em situações de estresse, melhora os efeitos da terapia de combate a fobias.

    Estudo realizado por pesquisadores de diversos centros científicos, entre eles a Universidade de Basileia, na Suíça, testou a substância em 40 pessoas com acrofobia (medo de altura).

    Os voluntários foram submetidos a três sessões de terapia de exposição --uma simulação de ambientes altos criada por realidade virtual.

    Uma hora antes das sessões, metade dos pacientes tomou uma dose de cortisol e a outra metade, placebo.

    Os participantes responderam a questionários para avaliar o nível de fobia após a última sessão de terapia.

    Entre aqueles que tomaram cortisol, houve uma queda de 59% na pontuação de fobia. No outro grupo, a queda foi de 40%.

    Os resultados foram publicados ontem<BF> <XB>no periódico "Proceedings of the National Academy of Sciences".

    Para Dominique de Quervain, professor de psicologia na Universidade de Basileia e um dos autores do estudo, os achados indicam que os efeitos da psicoterapia contra a fobia podem ser reforçados pelo uso de remédios.

    "O cortisol auxilia a terapia de exposição ao agir no aprendizado e na memória", explicou à Folha. "Ele inibiu a recuperação da memória do medo e armazenou experiências corretivas."

    O psiquiatra Antônio Guerra Vieira Filho, do Hospital Sírio-Libanês, afirma que a ação do cortisol pode ser útil para pacientes que não respondem à terapia.

    "Quando a pessoa é exposta à situação que ela sabe que é segura [a simulação], o cortisol facilita o aprendizado dessa experiência."

    Editoria de Arte/Folhapress

    CORREÇÃO E REFORÇO

    A terapia de exposição tem como objetivo "corrigir" a fobia, ao colocar a pessoa, aos poucos, em contato com o que ela teme.

    "Quando ela se expõe a essas experiências que causam medo desproporcional, fica habituada", diz Mariângela Savoia, psicóloga do programa de ansiedade do Instituto de Psiquiatria da USP.

    "A memória é importante na formação da fobia. Ela associa um estímulo, como a altura, a um risco. O cortisol faz a pessoa evocar menos esses pensamentos irreais", afirma Vieira Filho.

    Segundo ele, não há contrassenso entre o papel do cortisol no estresse e na redução da fobia. "O hormônio opera em vários locais do cérebro. A ação no estresse é só uma de suas propriedades."

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