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    Liberação de games violentos para menores divide especialistas

    GUILHERME GENESTRETI
    JULIANA VINES
    DE SÃO PAULO

    06/07/2011 08h30

    Não há motivos para impedir seu filhote de exterminar monstros no videogame.

    Pelo menos essa é a visão da Suprema Corte dos EUA, que na semana passada derrubou uma lei da Califórnia que proibia a venda de jogos de violência para menores de 18 anos.

    Segundo a decisão, não há estudos que provam a influência de games violentos no comportamento das crianças, diferentemente da crença que perturba parte dos pais.

    Especialistas, no entanto, recomendam cautela na adequação entre o tipo de jogo e a idade da criança.

    "Menores de sete anos não têm estrutura emocional para ver uma cena muito violenta", diz a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática, da PUC de SP. Segundo ela, a descarga de adrenalina causada pelo videogame pode deixar a criança mais medrosa e ansiosa.

    Antes dos sete, há confusão entre realidade e ficção, alerta Andrea Jotta, também da PUC-SP: "Só começamos a diferenciar depois de aprender a ler. Antes, sentimos a violência sem entendê-la".

    Quanto mais realista for o jogo, pior. Silvia Rosa Zanolla, autora de "Videogame -Educação e Cultura" (Alínea, R$ 28, 192 págs.), pesquisou como crianças de sete a dez anos entendem os games.

    "Elas até sabem o que é certo e errado, mas não conseguem refletir. Eu não recomendaria esses jogos para menores de 16", diz Zanolla, que é psicóloga.

    Editoria de Arte/Folhapress

    VIOLÊNCIA POSITIVA

    É claro que não tem como proibir. E a violência não está só nos jogos, lembra a pedagoga Lynn Alves, pesquisadora da Universidade do Estado da Bahia. "Se for para censurar, tem que censurar tudo. Há violência na música, na literatura e na TV. Não faz sentido proibir para nenhuma idade."

    Para Alves, o jeito é os pais aumentarem a vigilância e aproveitarem os games para discutir o assunto."Os pais podem e devem conhecer os jogos. É só pesquisar."

    Segundo Jotta, a violência pode até ser positiva. "Matar um monstro pode ser bom. Pode ser uma forma de se livrar do medo."

    No Brasil, o Ministério da Justiça classifica os videogames de acordo com faixas etárias, como nos filmes. Os critérios são os mesmos: sexo e nudez, violência, agressão física ou uso de drogas. Há mais de 700 jogos classificados. A maioria é livre. Consulte a lista no site do Ministério da Justiça

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