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    Diabéticos têm dificuldade de achar medicamento Victoza

    MARIANA VERSOLATO
    DE SÃO PAULO

    20/09/2011 10h32

    A corrida para comprar o remédio Victoza (liraglutida), indicado para o tratamento de diabetes mas cada vez mais usado para emagrecer, pode deixar os pacientes que realmente precisam do medicamento na mão.

    Segundo o endocrinologista Ricardo Meirelles, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, que atua no Rio, metade dos seus pacientes que usam o Victoza se queixa de dificuldade para comprar a droga.

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    Ele estima que dez pacientes seus usem o remédio. "O número não é grande porque se trata de um medicamento novo e caro [cerca de R$ 400]", explica.

    Meirelles diz que não está recomendando aos diabéticos que se adaptam bem ao Byetta, droga de efeito similar ao do Victoza, a mudar de remédio. "Mas o Victoza atrai os pacientes novos porque tem só uma aplicação ao dia em vez de duas do Byetta."

    Editoria de arte/folhapress

    O endocrinologista Antonio Carlos Lerário, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes, também tem poucos pacientes usando o remédio, por causa do preço.

    "O Victoza vendeu como nunca depois da reportagem da revista 'Veja'. Fora do Brasil não houve esse furor."

    Na edição de 7 de setembro, a revista "Veja" publicou uma reportagem de capa sobre a droga, chamando o Victoza de "bala de prata" contra o excesso de peso.

    Na semana seguinte, a Vigilância Sanitária divulgou um alerta afirmando que o remédio não é recomendado para emagrecer, podendo causar hipoglicemia, náusea, diarreia, pancreatite e
    distúrbios da tireoide.

    Como estudos mostram que o Victoza leva à perda de peso, alguns médicos já o receitam para tratar obesidade. Esse tipo de indicação é conhecido como "off label" (fora da bula).

    LISTA DE ESPERA

    Um comunicado da Sociedade Brasileira de Diabetes afirma que aumento da procura pelo Victoza causa impacto no preço e na disponibilidade da droga.

    "Em Belo Horizonte, o Victoza está em R$ 394 e o estoque, esgotado, tem previsão de reposição só para daqui a uma semana", diz a nota.

    A reportagem da Folha procurou o remédio em dez grandes farmácias de São Paulo e não encontrou o Victoza em nenhuma.
    Algumas lojas têm listas de espera com 25 pessoas.

    Já em três distribuidores de remédios especiais (que precisam de refrigeração no transporte), o Victoza foi encontrado para pronta-entrega, por até R$ 400.

    "As farmácias mantêm estoques pequenos. Por isso indico as lojas de medicamentos especiais", diz o endocrinologista Marcos Tambascia, professor da Unicamp.

    A consultora de negócios internacionais Luci Vagues começou a usar o Victoza no mês passado e teme não achar o remédio, que acabou há dois dias. "Se acabar porque tem gente comprando para emagrecer, nós [diabéticos] vamos ser prejudicados. Não dá para ficar sem."

    A Novo Nordisk, fabricante do Victoza, diz que as vendas da droga estão normais.

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