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    Cientistas ligam más-formações no cérebro e doença articular ao zika

    DE SÃO PAULO

    13/01/2016 19h00

    Em um novo artigo científico, pesquisadores brasileiros e de Israel descrevem novas anomalias, detectadas por ultrassom, em fetos diagnosticados com microcefalia.

    Foram avaliadas duas gestantes paraibanas que apresentaram sintomas de zika (como vermelhidão na pele e dor nas articulações). Apesar de o zika não ter sido detectado no sangue das mulheres no momento do exame, a análise do líquido amniótico, que envolve o feto, deu positiva para o vírus.

    Entre os achados, no primeiro caso, está um cérebro atrofiado, com calcificações no lobo frontal, no cerebelo e em outras áreas.

    No segundo, os hemisférios cerebrais direito e esquerdo eram "notavelmente assimétricos", segundo os autores. Outros achados são a ventriculomegalia, uma cavidade cerebral anormalmente grande, e a ausência ou quase ausência do tálamo e do corpo caloso, responsáveis pela condução da informação no tecido nervoso e pela comunicação entre os hemisférios, respectivamente.

    "Apesar dos primeiros casos terem sido identificados em Pernambuco e no Rio grande do Norte, os nossos dois casos foram os primeiros a ter a confirmação de material genético do virus e ter exames ultrassonográficos documentados. As alterações ultrassonográficas observadas nos casos são diferentes das alteraçõoes encontradas em outras infecções como citomegalovirus e rubeola", disse à Folha a especialista em medicina fetal e autora sênior do artigo Adriana Melo.

    Avaliando outros seis casos de bebês infectados, os pesquisadores encontraram uma involução do cerebelo (responsável, entre outras coisas, pela coordenação motora e postura) e a presença de calcificações no cérebro (como se fossem cicatrizes provocada pela infecção).

    Um dos bebês tinha a doença conhecida como artrogripose –caracterizada por uma contratura das articulações das extremidades, que faz com que as mãos fiquem curvadas em forma de gancho, por exemplo.

    "Até a publicação do nosso artigo, não havia na literatura registro de casos similares, caracterizados por microcefalia, hipoplasia [redução] do cerebelo e calcificações no parênquima cerebral. A associação com artrogripose também nunca tinha sido descrita", diz Adriana.

    "Até que mais casos sejam diagnosticados e evidências histopatológicas [obtidas avaliando material humano em microscópios] sejam obtidas, a possibilidade de outras etiologias não podem ser descartadas", escrevem os autores.

    O estudo abre a discussão de que o zika possa prejudicar outros órgãos além do cérebro, dos olhos e outros órgãos dos sentidos, que dependem do adequado funcionamento de células nervosas. O trabalho saiu na revista "Ultrasound in Obstetrics & Gynecology".

    Editoria de Arte/Folhapress
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