Quase no cruzamento das avenidas Roberto Marinho e Washington Luís, no Campo Belo (zona sul de São Paulo), encontra-se um resumo suprapartidário da desaceleração de obras públicas nos últimos cinco anos.
São Paulo tem apenas um punhado de construções anteriores ao século 20. Do século 18, então, quase nada. Mas o Sítio do Capão, construção já registrada no século 17 (em 1698), é quase um anônimo na cidade.
Quando um vice-reitor da PUC afirmou há 12 anos que aquela universidade católica estava de olho no Palacete do Carmo, no centro de São Paulo, o quase centenário imóvel de seis andares já estava quase todo vazio.
Mais de R$ 80 milhões já foram gastos na reforma da Casa das Retortas, mas ninguém tem ideia quando se voltará a utilizar o prédio, uma das raras joias da arquitetura industrial do século 19 na cidade de São Paulo. O conjunto do Gasômetro, pioneira usina de gás da capital, encontra-se sem uso permanente desde 2003.
A menos de duas quadras da estação Anhangabaú do metrô, e a três da estação República, um prédio de 18 andares está vazio há oito anos. Ali funcionou a sede do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo, Ipesp, até 2009.
Depois de R$ 120 milhões já gastos, não há estimativa de prazo para se retomar a obra do Centro de Convenções da USP. Para terminar a construção, parada no início de 2014, seriam necessários outros R$ 60 milhões.
Há mais de dez anos está vazia a agência bancária mais luxuosa que São Paulo já teve. Inaugurada em 1938 no auge do estilo art déco, pertencia ao antigo Banco de São Paulo, vizinho ao Banespa e à Bolsa de Valores, e a uma quadra do Martinelli.
Quando a farmacêutica Libbs inaugurar seu centro de pesquisa e desenvolvimento, em 2019, será a primeira empresa oficialmente instalada no Parque Tecnológico do Jaguaré –anunciado no longínquo ano de 2002.
Há quarenta anos, o gigante art déco da avenida Nove de Julho começou a ser esvaziado. Já em 1975, o INSS começou a despejar os últimos inquilinos para transformá-lo em prédio de escritórios –algo que nunca aconteceu.
A poucas quadras da cracolândia, agora na esquina das ruas Cleveland e Helvétia, no centro de São Paulo, o Palácio dos Campos Elíseos está vazio há 11 anos.