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    Futebol para no Bahrein e ex-são-paulino pena em time do rei

    GUILHERME YOSHIDA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    14/03/2011 12h43

    As reivindicações políticas no Bahrein, que incluem desde a queda do atual governo à instauração de uma monarquia constitucional, afetaram também os jogadores brasileiros que vivem naquele país. Uma nova marcha com milhares de pessoas foi realizada nesta sexta-feira na capital Manama.

    Fernando Santos - 30.nov.2003/Folhapress
    O meia Rico, no São Paulo, em 2003
    O meia Rico, no São Paulo, em 2003

    Radicados na Ásia, os atletas que saíram do Brasil estão receosos com a violência dos manifestantes e ficaram até sem o futebol --o Campeonato Bareinita está paralisado há pelo menos 20 dias devido às mortes de familiares de muitos jogadores que disputam a liga.

    No último 21 de fevereiro, o GP do Bahrein de F-1 foi cancelado justamente por conta dos conflitos no país.

    O atacante Rico, que jogou no São Paulo depois de fazer sucesso com a camisa da Portuguesa Santista em 2003, chegou a sofrer ameaças de morte dos xiitas --religiosos que estão entre os principais protestantes.

    "Logo no início das manifestações, jogava em um time que era sustentado pelo primeiro ministro Sheikh Khalifa, o qual é um dos alvos dos protestos. Um dia, ia a um shopping quando fui parado por manifestantes que me reconheceram como 'jogador do time do governo'. No entanto, falei que estava do lado deles e que apoiava o movimento. Só assim fui liberado, senão eles iam me matar ali mesmo", lembrou.

    Agora, Rico atua pelo Al-Riffa, da família do rei do Bahrein, Hamad Al Khalifa, outro foco das manifestações. No entanto, o atacante disse acreditar que as revoltas cessarão em pouco tempo e acrescentou que a população daquele país tem grande respeito pelos brasileiros.

    Ayrton Vignolia - 8.jul.2003/Folhapress
    O atacante Rico treina pelo São Paulo, em 2003; jogador está há 5 anos no Bahrein
    O atacante Rico treina pelo São Paulo, em 2003; jogador está há 5 anos no Bahrein

    "Durante os conflitos, a polícia até recomendou que os estrangeiros ficassem em casa. Mas com os brasileiros em geral não há problemas. Estou aqui há cinco anos e estou tirando minha cidadania para jogar pela seleção do Bahrein", completou.

    SEM SAIR DE CASA

    Apesar de confirmar que os brasileiros são bem quistos no Bahrein, o zagueiro Tuca, ex-Sport e Náutico e que joga atualmente pelo Al Hidd, também teme pelo seu futuro naquele país.

    Rodrigo Capote - 07.jan.2011/Folhapress
    Cabralzinho, em visita ao Santos no começo do ano
    Cabralzinho, em visita ao Santos no começo do ano

    "Estou evitando sair de casa. Vivo com minha família e estou preocupado. Muitas pessoas aqui estão com medo também", apontou o defensor, que está lá desde 2007 e pretende se mudar para o Qatar no meio deste ano.

    EGITO

    De volta do Egito recentemente, o técnico Cabralzinho, que tem passagem pelo Santos, não presenciou os conflitos que também aconteceram no seu antigo destino. Porém, ele explica que a religião interfere muito no futebol dos países daquela região.

    "Os intervalos das partidas coincidiam com o horário da última reza deles. Então, tínhamos de aguardar o retorno dos atletas para dar as instruções em poucos minutos. A alimentação deles também não é disciplinada. Então procurava dar um período de treino apenas. E sempre à tarde, já que o costume lá é de dormir no meio da madrugada muitas vezes", afirmou.

    Hamad I Mohammed/Reuters
    Manifestantes antigoverno protestam em uma das principais avenidas da capital Manama
    Manifestantes antigoverno protestam em uma das principais avenidas da capital Manama
    James Lawler Duggan-04.mar.2011/Reuters
    Manifestante xiita participa de marcha contra o governo, em Manama, tendo ao fundo um cartaz do rei
    Com a camisa do Barcelona, manifestante xiita participa de marcha contra o governo, em Manama

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