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    Muitos se consagraram por causa do Sócrates, diz Biro-Biro

    ADRIANO WILKSON
    LEONARDO LORENÇO
    DE SÃO PAULO
    RAFAEL VALENTE
    VINÍCIUS BACELAR
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    05/12/2011 08h02

    Companheiro de Sócrates no Corinthians por cerca de seis anos, o ex-jogador Biro-Biro lembrou com saudosismo do camisa 8 da "Democracia Corinthiana". Disse que Magrão, como era conhecido Sócrates, foi responsável por ajudá-lo no clube e por consagrar muitos atletas, especialmente centroavantes.

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    Fábio M. Salles-1º.jun.88/Folhapress
    Biro-Biro comemora gol do Corinthians contra o São Paulo, no Morumbi, no Paulista-1988
    Biro-Biro comemora gol do Corinthians contra o São Paulo, no Morumbi, no Paulista-1988

    Biro-Biro ainda comentou uma frase dita por Sócrates na época em que era jogador --Sócrates afirmava que se não fosse pelo empenho dos companheiros, em especial Biro-Biro, que corriam por ele, ele não teria tido tanto sucesso.

    "Ele foi um baita jogador e eu sabia que ele não tinha condição física de voltar para marcar. Tinha de dar a bola no pé dele para ele fazer aquelas coisas maravilhosas, fazer gols e colocar os companheiros na cara do gol. Muitos que passaram pelo clube naquele tempo se consagraram por causa dele, principalmente os centroavantes", disse.

    Sócrates, 57, morreu às 4h30 de domingo em decorrência de um choque séptico, que ocorre quando bactérias de uma infecção chegam à corrente sanguínea e se espalham pelo corpo. Foi enterrado no cemitério Bom Pastor, em Ribeirão Preto, às 17h30.

    Biro-Biro falou também sobre a relação pessoal que tinha com Sócrates.

    "Jogamos juntos por seis anos e ele foi uma pessoa maravilhosa. Vou ficar com saudade. Aprendi muito com ele e com a inteligência dele, pelo que ele passava e pela forma como liderava os jogadores. Cheguei em São Paulo muito moleque e foi ele, ao lado do Palhinha, que me ensinou tudo. Virei capitão do time graças a ele", completou.

    Fotomontagem
    Sócrates no Corinthians, Santos, Flamengo e seleção; clique na foto e veja galeria
    Sócrates no Corinthians, Santos, Flamengo e seleção; clique na foto e veja galeria

    ATLETAS PRESTAM HOMENAGEM A SÓCRATES

    A notícia da morte de Sócrates mexeu com os sentimentos não apenas dos torcedores do Corinthians como também com ex-atletas que estiveram ao lado do "Doutor" no clube paulista e na seleção brasileira. Veja abaixo os depoimentos coletados pela Folha:

    Palhinha
    "Perdi um grande amigo. Sinto um espaço vazio. Tínhamos um grande relacionamento, tinha um grande amigo. Ele é uma pessoa que jamais vai ser esquecida, por tudo que representou no futebol e fora do futebol também. Marcou muito nosso país. O entendimento que nos tínhamos dentro de campo e fora dele era muito grande. A própria imprensa comparava nosso entrosamento com o de Pelé e Coutinho. Foram dois anos de muita alegria e felicidade."

    Geraldão
    "Que momento triste. Partiu muito cedo. Era uma pessoa fora de série, ajudava todo mundo. Jogamos juntos no Corinthians e no Botafogo. É triste demais."

    Juninho Fonseca
    "Só tenho lembranças alegres dele. Nós tivemos um contato familiar interessante. Quando cheguei ao Corinthians, nós usávamos a casa do Magrão como ponto de encontro e não os restaurantes, para evitar o assédio [da torcida]. A gente ia no apartamento dele em Higienópolis para não ficarmos expostos. Ele tinha uma vantagem por ser uma pessoa estudada, culta, em um meio em que isso não é primordial. Ele tinha uma liderança calma, prudente, muito inteligente. Era nosso escudo. [A Democracia Corintiana] era uma pretensão, uma utopia, porque nosso país não era assim."

    Zé Maria
    "É um momento de muita tristeza e não só para a nação corintiana, mas para todo o Brasil. A gente perde um grande amigo, um grande profissional, um grande jogador. Muito inteligente, diferente. O Sócrates era um grande amigo. Falei com ele no mês passado por telefone. Essa notícia me desmontou."

    Zé Carlos Barretta-4.dez.11/Folhapress
    Os ex-jogadores Basílio (esq.) e Geraldão (dir.), que atuaram com Sócrates no Corinthians, e Serginho Chulapa, que foi parceiro do Doutor na seleção
    Os ex-jogadores Basílio (esq.) e Geraldão (dir.), que atuaram com Sócrates no Corinthians, e Serginho Chulapa, que foi parceiro do Doutor na seleção brasileira, em encontro de ex-atletas no estádio do Juventus, na Mooca

    Badeco
    "Foi uma notícia que chocou muito. Eu nunca joguei com ele, somente contra. Ele representou uma mudança no futebol, era um cara diferente, muito envolvido com política, lutou contra a ditadura e marcou a sociedade por esse lado fora de campo. Foi membro da Democracia Corintiana, um líder. Pensei que ele ia conseguir sair dessa, mas infelizmente não deu. Essa é a vida: viver, lutar e morrer."

    Basílio
    "Ninguém podia imaginar que o Magrão fosse nos deixar tão rápido e tão cedo. Amanhã [segunda-feira] meu primeiro gesto será ir até uma igreja rezar pelo Sócrates."

    Júnior
    "A primeira coisa é lamentar a partida tão cedo. Quem teve o privilégio de conviver com ele, sabe que ele era uma figura diferente de todos os profissionais, tinha um pensamento diferenciado. Ele superou todos os obstáculos para ser atleta, tinha muito talento, muita técnica. Levava uma vida diferente. Na seleção convivemos bastante, entre 1979 e 1986. Até na Itália tivemos contato, um pouco menos pelas cidades em que estávamos. Eu em Turim [no Torino] e ele em Florença [na Fiorentina]."

    Serginho Chulapa
    "O Sócrates me ajudou muito na seleção brasileira e durante minha carreira. Eu estou muito triste com essa notícia. Era uma pessoa maravilhosa."

    Vaguinho
    "Lamentável. Era um ótimo companheiro, um grande amigo, excelente jogador. Era um cara esclarecido, de pensamento forte, que tinha consciência de tudo isso. Foi um cara muito importante para a nação corintiana."

    Tobias
    "Eu joguei com ele e sei que ele tinha uma vida diferente. Mas mesmo assim foi uma surpresa. Foi novo [jovem], mais novo do que eu. Jogamos juntos em 1979 e fomos campeões [do Paulista, pelo Corinthians]. É uma pena."

    Jorge Duran-1º.jun.85/France Presse
    Sócrates posa com a camisa da seleção em 1985; clique na foto e veja imagens históricas do ex-jogador
    Sócrates posa com a camisa da seleção em 1985; clique na foto e veja imagens históricas do ex-jogador

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