O primeiro técnico da seleção na gestão de Ricardo Teixeira na CBF, Sebastião Lazaroni, afirmou que é positivo o balanço dos 23 anos do dirigente à frente da entidade. No entanto, fez uma crítica importante: o cartola não conseguiu fechar um acordo com os jogadores referente ao sistema de premiação para a Copa-1990.
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"Atrapalhou e muito, sim. Desfocou. Não poderia deixar nada pendente que levasse a desfocar do objetivo principal que era ganhar o Mundial. Não poderíamos entrar na Copa naquela situação", disse Lazaroni.
Luis Carlos David - 2.out.89/Folhapress | ||
Sebastião Lazaroni conversa com Ricardo Teixeira em 1989; clique na foto e veja galeria |
Segundo o técnico, esse episódio serviu de lição para a CBF. "Hoje a seleção não entra mais em uma Copa sem esse acerto [no sistema de premiação aos atletas]. A CBF também está bem mais rica", afirmou.
Em 1990, a Pepsi pagou US$ 1 milhão para patrocinar a seleção na Copa. Deste total, 20% seriam divididos somente entre os jogadores. Sete deles, porém, se recusaram a ratear com a comissão técnica, alegando que Lazaroni tinha contrato particular e não rachava com ninguém.
Divulgação | ||
Lazaroni, que foi garoto-propaganda da Pepsi; crise fez os jogadores se negaram a posar com marca em suas camisetas |
BOAS RELAÇÕES
Lazaroni contou que manteve uma relação boa com Ricardo Teixeira na época em que estavam na seleção.
"Não tinha um contato direto nas situações corriqueiras do dia a dia, mas ele me dava apoio. Não era, não, um presidente ausente", declarou.
O técnico lamentou o fato de Ricardo Teixeira sofrer de diverticulite (inflamação na parede do cólon, ligado ao intestino grosso) e deixar o cargo na CBF.
"Se você somar tudo, ele foi vitorioso como presidente. Conquistou os títulos [mundiais] de 1994 e 2002", disse. "Se hoje vamos sediar a Copa do Mundo, é que houve o trabalho dele também. Não pode esquecer. É uma coisa importante e foi trabalho dele à frente da CBF."