Eles não nasceram no Reino Unido, mas têm passaporte britânico. Vão competir em Londres pelo país anfitrião. Por esse motivo, carregam a pejorativa alcunha de "britânicos de plástico".
E são alvos de campanha ostensiva do segundo maior jornal do país, "Daily Mail", com 2 milhões de exemplares em circulação por dia.
Adrian Dennis - 10.mar.12/France Presse | ||
Tiffany Porter festeja com bandeira do Reino Unido |
O caso mais recente ocorreu na Turquia, às vésperas do Mundial indoor de atletismo, no início de março.
Quando Tiffany Porter foi apontada como a capitão da equipe britânica na competição, em Istambul, um repórter do diário pediu, em entrevista coletiva, que ela cantasse "God Save The Queen", o hino do Reino Unido.
Porter se recusou. "Não é necessário cantar agora", disse. Ela nasceu no estado americano Michigan e ainda reside nos Estados Unidos.
Nas categorias de base, competiu pela equipe americana, naturalizou-se há quase dois anos porque a mãe é inglesa e o pai é nigeriano.
O técnico da equipe britânica de atletismo, o holandês Charles van Commenee, reagiu furioso. "Ela [Porter] não foi escolhida capitã pela capacidade de memorizar letras ou por suas habilidades como cantora", defendeu.
A americana foi prata no Mundial indoor na Turquia nos 60m com barreiras.
A equipe de Commenee tinha, entre outros naturalizados, uma cubana, que já competiu pelo Sudão, mas mora há 11 anos na Inglaterra.
Em Londres, o ministro para Olimpíada do Reino Unido, Hugh Robertson, tentou amenizar a polêmica, mas conseguiu piorar o clima.
"Se você vai representar o Reino Unido na Olimpíada, é interessante que se saiba cantar o hino. Ainda mais se você pensa que vai conquistar uma medalha", disse.
O "Daily Mail" também acompanha de perto a equipe de luta olímpica. O país tentou naturalizar ucranianas e búlgaras para compor o GB Team, nome dado à equipe olímpica britânica, mas está com dificuldades.
Coincidentemente, a polêmico surge no local em que a Olimpíada ganhou o formato atual, com disputa entre países. Foi na quarta edição do evento, em Londres-1908, que surgiram os primeiros comitês olímpicos nacionais.
Até então, atletas competiam por associações que não restringiam nacionalidades.