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    Caçula da delegação brasileira reclama de saudade dos pais

    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

    23/07/2012 16h16

    Ela tem só 16 anos, estuda no segundo ano do Ensino Médio e está vivendo em Londres sua primeira experiência no exterior sem os pais do lado.

    Nasceu meses antes dos Jogos de Atlanta, não lembra de Atenas-2004, e tampouco se recorda de Pequim-2008. Pesquisou muita coisa na internet sobre Olimpíada.

    Muitos adolescentes brasileiros até se encaixam nesse perfil, mas a mineira de Iturama Ana Sátila Vargas é única num quesito: hospedagem na Vila Olímpica de Londres.

    Atleta mais jovem entre os 258 da delegação brasileira nos Jogos de 2012, a caçula vive o deslumbramento --misturada com ansiedade-- de participar dos Jogos Olímpicos. Foi a primeira da equipe nacional a chegar na Vila, dia 16.

    É de lá que, após os treinos de canoagem no centro aquático de Lee Valey, ela liga o computador, aciona o Skype e cumpre o ritual de avisar os pais Cláudio e Márcia que já chegou em "casa".

    "Eu nunca tinha me separado da minha família. É muito difícil", diz. Em Londres, é tutelada pelo treinador, o italiano Ettore Vivaldi, que participou de Barcelona-1992. Nesta segunda-feira, dia sem treino, ela telefonou logo cedo à mãe para avisar o que faria no dia, passear na cidade.

    Ana Sátila sabe que tem remotas chances de medalha na sua modalidade, a canoagem slalom.

    Quer pelo menos ficar entre os 20 dos 25 competidores de sua categoria. "Tenho que eliminar cinco. Quero experiência", diz. As provas começam na segunda-feira. Para ela, a espanhola Maialen Chourraut é a favorita ao ouro.

    A adolescente não esconde o encanto com o tão batido "espírito olímpico": "Sempre pensei em participar dos Jogos, mas nunca imaginei que seria assim, convivendo com gente do mundo inteiro."

    Mas reclama da falta, principalmente, do pai, parceiro nas viagens de competição: "Nunca me separei dele".

    A mãe saiu de Primavera do Leste (MT), onde vive a família, para morar com a filha em Foz do Iguaçu, cidade que hospeda os treinos da seleção brasileira de canoagem. Virou uma espécie de "governanta" da equipe.

    Em Londres, a atleta brasileira já comprou presentes --mascote, camisetas, canetas, caneca, tudo alusivo aos Jogos-- para ela mesma e para a família.

    A canoagem slalom virou esporte olímpico em 1992. O competidor usa caiaques ou canoas para percorrer um percurso em corredeiras, com balizas, de 250 a 400 metros. A delegação brasileira tem ainda dois atletas, Erlon de Souza Silva e Ronilson de Oliveira, na canoagem de velocidade, também com poucas chances de medalha.

    Ana Sátila começou a praticar o esporte aos nove anos, incentivada pelo pai, um construtor que dava aulas de natação. Aos 12, ela ganhou seu primeiro título nacional. Recebe R$ 850 mensais do Bolsa-Atleta do governo federal, mais um salário de R$ 2 mil da seleção. A irmã caçula, Omira, 12 anos, também treina em Foz. A meta é que as duas estejam nos Jogos de 2016.

    Reprodução/Facebook/Ettore Ivaldi
    Ana Sátila Vargas com a credencial olímpica já dentro da Vila
    Ana Sátila Vargas com a credencial olímpica já dentro da Vila

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