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    Em busca de temporada perfeita, Adenízia vira exemplo na decisão da Superliga

    MARCEL MERGUIZO
    DE SÃO PAULO

    06/04/2013 14h30

    Uma lembrança escorre pelo rosto de Adenízia. A lágrima que escapa dos olhos verdes da jogadora a faz recordar por que está ali, em sua casa, prestes a jogar a nona final consecutiva da Superliga, pelo mesmo time contra o mesmo adversário.

    Edson Lopes Jr./Folhapress
    Adenízia posa, no condomínio onde mora, com suas oito medalhas da Superliga
    A central Adenízia posa, no condomínio onde mora, com suas oito medalhas da Superliga

    O sentimento contido é de gratidão ao treinador Luizomar de Moura que pode comandá-la rumo à temporada perfeita: em um ano ela ganhou Paulista, Sul-Americano, Mundial e Olimpíada.

    O então técnico de Campos e da seleção brasileira infanto-juvenil, em 2005, convenceu a menina magra e alta a permanecer em Osasco quando ela ainda tinha 18 anos.

    "É uma história de pai e filha. Foi meu parceiro nas horas difíceis. Eu queria desistir, ir embora. Sabia que em Osasco só tinha atletas de seleção, e eu precisava ir para um time mediano para jogar. Mas Luizomar falava para eu ficar: 'Aqui é seu futuro, o que você tem aqui não vai ter em lugar algum'. Ele me segurou", diz Adenízia à Folha.

    A central mineira de Ibiaí, hoje com 26 anos, é a única do Osasco a participar dos três títulos (2012/10/05) e dos cinco vices (2011/09/08/07/06) da equipe frente ao Rio.

    "Ela saiu muito cedo de casa, era preciso todo tipo de apoio, do nutricional ao psicológico. Por isso Osasco era importante para ela. E, hoje, ela é a referência. É um exemplo de identificação com cidade e torcida incomum no vôlei", afirma Luizomar.

    O técnico assumiu o time na temporada 2006/2007. Adenízia estava na cidade desde os 13 anos e já treinava com o elenco principal, alçada em 2005 pelo treinador que a faria campeã olímpica. "Quando o Zé [Roberto Guimarães] era meu técnico, eu perguntava: 'Você acha que vou ser jogadora um dia?'. E ele sempre dizia que sim".

    Ela se transformou em uma das melhores bloqueadoras do país. Mas, para quem deixou a casa dos pais em Governador Valadares (MG) aos 11 anos para jogar vôlei, a espera se transformava em choro.

    "Esse período foi 'punk', pior do que ter uma lesão. Quando você não está jogando porque não cabe no grupo, vê seu sonho indo embora. É muito triste. Luizomar me encontrava, e eu chorava. Hoje ele conta minha história às meninas mais novas".

    Em 13 anos de Osasco, ela passou seis morando em uma república, com outras atletas. Há um ano comprou seu primeiro apartamento. Uma meta cumprida, assim como ainda estão por vir um casamento e um filho, "depois de conquistar o ouro olímpico jogando como titular em 2016".

    Adenízia perdeu a mãe, morta após aneurisma, quando tinha apenas um ano e oito meses. Como o pai havia deixado a família, ela foi adotada por seu Lucas e dona Augusta, e virou a caçula de quatro irmãos e duas irmãs.

    "Com mãe e pai biológicos talvez não tivesse a força e o caráter que tenho hoje. Doeu, sofri, mas essas coisas me fortalecem. As pessoas acham que é muito fácil ser atletas, que é chegar e jogar. Mas são muitos os desafios".

    Desde a primeira final contra o Rio, em 2005, a jogadora de 1,87 m acredita que além da experiência ficou mais forte também. Calcula que passou de 63 kg para 72 kg e com um corpo mais bem definido.

    Medidas que a levaram para o mais recente desafio: trabalhar como modelo. Em dezembro ela assinou contrato com uma agência paulistana e já posou para algumas fotos, o que gosta de fazer. Desfilar, por enquanto, não. Apesar de adorar um sapato de salto alto, considera-se desajeitada. Já em quadra, Adenízia intimida as rivais usando um par de tênis mesmo.

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