No período em que colecionou mais fracassos do que conquistas em campo, o Palmeiras registrou fora dele o balanço financeiro mais vermelho do futebol brasileiro.
Levantamento feito pela consultoria BDO mostra que entre os 13 clubes mais ricos do país, o Palmeiras foi o que mais aumentou sua dívida nos últimos cinco anos. O valor saltou de R$ 68 milhões em 2008 para R$ 287 milhões no ano passado. A alta de 320% fez com que o clube pulasse de 13º para 6º no ranking dos maiores devedores.
No período, o Palmeiras conquistou o Paulista-2008 e a Copa do Brasil em 2012.
Clube mais endividado do país, o Flamengo teve apenas a terceira maior variação (154%). A segunda foi a do São Paulo (241%), dono da oitava maior dívida.
Os balanços palmeirenses mostram que a dívida explodiu nas gestões Luiz Gonzaga Belluzzo (2009-2010) e Salvador Hugo Palaia (2010).
A dupla apostou em contratações caras, como o atacante Vagner Love e o técnico Muricy Ramalho, para conquistar títulos, mas o time fracassou e as demissões resultaram em dívidas.
| Robson Ventura - 05.jan.2010 /Folha Imagem |
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| Vagner Love, em treino no Palmeiras em 2010 |
De 2009, quando demitiu Vanderlei Luxemburgo, para 2010, quando rescindiu com Muricy e ainda contratou Luiz Felipe Scolari, a dívida saltou de R$ 117 milhões para R$ 224,2 milhões --91,6%.
A Folha tentou contato com Belluzzo e Palaia, mas não obteve sucesso.
A crise financeira é a principal justificativa da atual diretoria alviverde para o baixo investimento no time.
A dívida, aliás, fez com que o presidente Paulo Nobre buscasse empréstimo em seu próprio nome no mercado financeiro para quitar a folha de pagamento.
Segundo o clube, que não revela valores, o método foi usado porque o Palmeiras pagaria o dobro só com juros.
Em nota, o Palmeiras informou que tem reduzido as despesas, como R$ 6 milhões com a extinção do Palmeiras B, e gerou R$ 10 milhões em novas receitas com ações de marketing efetuadas.
FISCAL
Segundo o estudo da BDO, a dívida dos 23 clubes mais ricos do país subiu 17% entre 2011 e 2012 e atingiu a soma de R$ 4,7 bilhões.
"Os números mostram claramente que os clubes têm priorizado o pagamento das dívidas bancárias em detrimento das dívidas tributárias, talvez até apostando numa possível anistia", diz Pedro Daniel, gerente da área de esporte da BDO.
"Estamos renegociando os pagamentos, tanto fiscais, quanto bancários, para alongar os prazos e reduzir os custos", afirma Rodrigo Tostes, o vice-presidente de finanças do Flamengo, maior devedor.