No dia em que completaria 80 anos, nesta sexta-feira, Garrincha virou munição de Diego Maradona contra Pelé.

Em viagem pela Itália, o ex-jogador argentino novamente criticou seu desafeto em entrevista ao jornal italiano "La Gazzeta dello Sport" e o acusou de não ter ajudado o ex-companheiro de seleção brasileira quando Garrincha teve problemas financeiros e de alcoolismo.

O ex-atacante morreu em 1983, vítima de problemas decorrentes do álcool.

Para atacar Pelé, Maradona citou uma conversa com a ex-mulher de Garrincha, a cantora Elza Soares.

"Ela falou comigo um dia que foram pedir ajuda a Pelé, mas ele não respondeu. Todo mundo faz o que quer da sua vida, mas Pelé estava na crista da onda e poderia ter feito alguma coisa. Por isso ele não é amado no Rio de Janeiro", disse o argentino, em declaração reproduzida por agências de notícias.

"Não me lembro dessa conversa, mas já falei com tanta gente. Nunca pedi nada por Mané. Nunca fiz isso em 'my life' [minha vida, em inglês]. A única vez foi agora, falei que, se trocassem o nome do estádio [Mané Garrincha] de Brasília, eu faria greve de fome, se possível até nua", afirmou à Folha Elza Soares, por telefone.

Ela contou que desconhece qualquer pedido de alguém para que Pelé ajudasse Garrincha. "Que eu saiba disso, não, Deus me livre".

	Mariana Martins-15.jun.2013/Folhapress
	A cantora Elza Soares durante show

A assessoria de imprensa de Pelé informou que ele não tem nada a declarar sobre esse assunto.

Juntos, ele e Garrincha jamais foram derrotados pela seleção brasileira.

ESQUECIDO

A cantora considera que Garrincha é pouco lembrado e reverenciado.

"O país se esqueceu dele. Vou sempre falar do grande cara, do grande ídolo que ele é. O que faço é lembrar o que ele fez", disse Elza Soares.

Ela reivindica para o ex-marido uma parte do crédito por tornar vitorioso e popular o futebol brasileiro. "As pessoas esquecem que ele armou isso tudo, foi o grande arquiteto disso".

Na opinião de Elza Soares, ainda não surgiu ninguém parecido com ele.

"Você vê no futebol de hoje alguém com tanto drible e tão arisco, incapaz de ser pego? Não vi ninguém fazer nada mais importante do que ele fez e dar tantos dribles desconcertantes", avaliou. "Sou do tempo do futebol de chuteiras e bandeiras, hoje vejo chuteiras e muitos euros".

	ArquivoUH - 6.jun.1992/Folhapress
	Garrincha, em jogo contra Espanha na Copa de 62, no Chile