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    Rio de Janeiro

    Nilton Santos, a 'enciclópedia do futebol', morre aos 88 anos

    DE SÃO PAULO

    27/11/2013 16h57

    Nilton Santos, lateral esquerdo bicampeão mundial com a seleção brasileira, morreu nesta quarta-feira, aos 88 anos. Velório e enterro serão nesta quinta-feira, no Rio.

    Nascido em maio de 1925 na Ilha do Governador, o ex-jogador foi internado com insuficiência respiratória no dia 23 de novembro, no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), de um hospital do Rio. Ele sofria da doença de Alzheimer e passou os últimos anos em uma clínica para idosos, com auxílio do Botafogo.

    Segundo o boletim médico, Nilton morreu em decorrência de pneumonia comunitária, prejudicadas pela doença de Alzheimer e por insuficiência cardíaca grave.

    Nilton Santos ganhou o apelido de "Enciclopédia de Futebol" pelo talento e a capacidade de encantar o torcedor adquiridos ao longo da carreira. Jogou por apenas um clube, o Botafogo, onde disputou 723 partidas de 1948 a 1964 e fez 11 gols. Além da camisa alvinegra, só defendeu a seleção brasileira, com 84 jogos disputados. Disputou os Mundiais de 1950, 1954, 1958, e 1962.

    Em 1998, foi incluído pela Fifa numa seleção dos melhores jogadores de todos os tempos.

    Jogando numa época em que os laterais eram basicamente defensores, Nilton Santos abriu caminho para os laterais atacarem. Marcou inclusive um gol pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1958, contra a Áustria. Em 1950, chegou a ir para o banco justamente por ter desagradado o técnico que o viu ir para o ataque.

    Outra jogada que entrou para a história do futebol protagonizada por Nilton Santos aconteceu na Copa do Mundo de 1962, desta vez não pelo talento, mas pela inteligência. Após cometer falta dentro da área em um jogador da Espanha, Nilton deu um passo à frente para sair da área, o que levou o juiz a marcar falta, em vez de pênalti.

    GARRINCHA

    Nilton também fez história no futebol brasileiro fora das quatro linhas. Já consagrado, teve de enfrentar em um treino do Botafogo um jovem desconhecido e malvisto por ter as pernas tortas. A dificuldade para marcar Mané Garrincha naquela atividade levou o lateral a convencer o Botafogo a contratar o homem que viria a ser o maior nome da história do clube.

    Depois de encerrar a carreira, Nilton chegou a fazer parte da cúpula do futebol do Botafogo, mas a carreira como dirigente chegou ao fim quando agrediu com um soco o então árbitro Armando Marques, após uma partida no Maracanã, em 1971.

    Ele chegou a ter uma escolinha de futebol em Uberaba (MG) antes de se mudar para o Distrito Federal.

    Reprodução/botafogo.com.br
    Reprodução de homenagem feita pelo Botafogo para o ex-lateral esquerdo Nilton Santos
    Reprodução de homenagem feita pelo Botafogo para o ex-lateral esquerdo Nilton Santos

    BOTAFOGO

    O Botafogo publicou em sua página na internet uma nota de pesar sobre a morte de um de seus melhores jogadores.

    "O Botafogo de Futebol e Regatas lamenta o falecimento do eterno ídolo Nilton Santos, o maior lateral-esquerdo de todos os tempos. Aos 88 anos, Nilton Santos sofria com o Mal de Alzheimer.

    Tão adorado quanto Garrincha. Tão respeitado quanto Pelé. Com sua habilidade e categoria, Nilton Santos ultrapassou o conceito de maior lateral esquerdo da história do futebol mundial. Ao ser chamado de "A Enciclopédia do Futebol", teve de forma definitiva o merecido reconhecimento de sua incrível capacidade de encantar o torcedor. Em toda sua carreira jogou apenas no Botafogo e, além do Glorioso, a única camisa que usou foi a da seleção brasileira. No Botafogo, disputou 723 partidas, e marcando 11 gols. Na seleção, fez 84 jogos, marcando 3 gols.

    Segurança na marcação era uma de suas virtudes. Com sua dinâmica de jogo, tornou-se o precursor dos laterais que buscavam o ataque, tendo marcado um gol na Copa de 1958, contra a Áustria, fato raro na época em que lateral era apenas marcador de ponta. Se taticamente tinha sua importância para o esquema do Botafogo e da Seleção, foi fora de campo que marcou um de seus mais belos gols: quando, após enfrentar Mané Garrincha num treino, Nilton praticamente forçou o Botafogo a contratar o então desconhecido ponta-direita.

    Outra jogada de gênio sempre lembrada aconteceu contra a Espanha, na Copa de 1962, no Chile. Nilton derrubou o atacante espanhol muito perto da linha lateral da grande área, cometendo pênalti. Quando o juiz se aproximava, ele deu um passo à frente, saindo mansamente da grande área, sem estardalhaço. Para sorte do Brasil, enganado, o árbitro não percebeu e acabou marcando falta fora da área.

    No alvinegro, Nilton Santos foi campeão carioca quatro vezes (1948, 1957, 1961 e 1962) e conquistou dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964). Foi bicampeão mundial pela seleção brasileira, em 1958 e 1962, e esteve também nas Copas de 50 e 54. Nunca perdeu uma decisão e, assim como Garrincha, foi eleito, em pesquisa feita pela Fifa em 1998, para a seleção de todos os tempos. Após encerrar a carreira, Nilton chegou a fazer parte da cúpula do futebol do Botafogo, mas sua carreira como dirigente deixou de existir quando mandou, com um direto, o então árbitro Armando Marques escada abaixo no Maracanã.

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