Bartlomiej Zborowski - 27.jan.2014/Efe |
Ary Graça Filho discursa na Polônia em evento da FIVB em janeiro deste ano |
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Esporte
Sunday, 22-Dec-2024 02:56:10 -03Após denúncias, Ary Graça Filho renuncia à presidência da CBV
DE SÃO PAULO
14/03/2014 12h58
Após as denúncias de que duas empresas teriam recebido R$ 10 milhões cada uma em comissões para intermediação de contratos de patrocínios da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), o presidente licenciado da entidade, Ary Graça Filho, renunciou ao cargo nesta sexta-feira.
A decisão foi noticiada pela ESPN, de João Pessoa, na Paraíba, onde está sendo realizado congresso dos presidentes de federações estaduais de vôlei do Brasil. A CBV confirmou a informações minutos depois.
Ary Graça Filho, porém, segue como presidente da FIVB (Federação Internacional de Voleibol), entidade que comanda desde 2012, quando venceu eleição e sucedeu o chinês Jizhonmg Wei.
Desde o ano passado, Walter Pitombo Laranjeiras, conhecido como Toroca, vice da CBV há cerca de 30 anos e também presidente da Federação Alagoana de vôlei, está no cargo de presidente da CBV devido ao licenciamento de Ary.
A própria CBV já havia anunciado no meio de semana que vai contratar uma auditoria externa para avaliar os contratos feitos na gestão de Ary na entidade. A confederação também disse que os dois contratos citados na denúncia da ESPN já foram suspensos. Um preventivamente e o outro encerrado no ano passado.
CARTA-RENÚNCIA
De acordo com a assessoria da CBV, "no congresso desta sexta-feira foram definidas mudanças no estatuto, aprovação das contas de 2013 e, ainda, apresentada a carta-renúncia do presidente licenciado da entidade, datada de 20/12/2013".
"A carta do agora ex-presidente foi entregue à CBV em dezembro de 2013 e recebida pelo presidente naquela data e apresentada na assembleia. Durante o evento, Toroca reforçou seu compromisso com uma gestão transparente frente à instituição, afirmando que manterá essa postura daqui para frente", continua a nota.
O novo vice-presidente passa a ser o diretor-secretário da CBV, o paraibano Potengi Holanda de Lucena. O mandato de Toroca vai até 2016.
"É com muita admiração, honra e amor ao voleibol que deixo a presidência desta instituição campeã, para desenvolver cada vez mais a modalidade, agora em âmbito mundial, seguindo um novo desafio diante da presidência da Federação Internacional de Voleibol (FIVB)", diz o único trecho da carta de Ary divulgada pela assessoria da CBV.​
PREOCUPAÇÃO
Na última quarta, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) manifestou preocupação com as denúncias a respeito dos contratos de terceirização destes serviços. "Este é um episódio que mancha um pouquinho a história da nossa modalidade, com certeza", disse Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo do comitê, à Folha.
Presidida pelo brasileiro Ary Graça Filho, a FIVB (Federação Internacional de Vôlei) disse ontem à Folha que está monitorando a situação do vôlei brasileiro depois de saber das denúncias feitas nas últimas semanas.
Em nota, a FIVB também responde que o presidente da entidade não está disponível para entrevistas no momento devido à sua agenda de viagens.
"A FIVB está preocupada. Depois de receber as últimas notícias da Confederação Brasileira de Vôlei, a FIVB está monitorando a situação no Brasil e esperará mais detalhes sobre a investigação da CBV. A FIVB está confiante que o processo irá fornecer os esclarecimentos necessários", diz comunicado da entidade.
Nesta mesma quinta-feira, o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e do Comitê Organizador Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, usou discurso semelhante à FIVB.
"As nossas preocupações são grandes, não podia ser diferente. Devem ser apurados os fatos que estão sendo mencionados e prestado conta à sociedade", afirmou Nuzman, que foi presidente da CBV entre 1975 e 1997, quando passou o cargo para Ary Graça Filho, que teve o nome envolvido no escândalo.
Patrícia Santos - 8.jan.97/Folhapress Ary Graça Filho (à esq.) abraça Carlos Arthur Nuzman ao assumir a CBV em 1997 CRISE
A ESPN revelou que duas empresas de dirigentes da própria CBV e da FIVB receberam R$ 10 milhões cada uma para intermediação –ou seja, comissões– sobre contratos negociados diretamente com patrocinadores, como o Banco do Brasil.
Segundo a entidade, os contratos envolvidos na denúncia estão suspensos. Um preventivamente e outro desde encerrado no ano passado.
No primeiro caso, a empresa SMP, do ex-superintendente geral da CBV, Marcos Pina, recebeu os R$ 10 milhões para intermediar contratos de patrocínio da entidade. Entre eles, o do principal patrocinador do vôlei, o Banco do Brasil. O banco e a CBV dizem que o contrato foi assinado diretamente entre as partes, sem intermediários.
O acordo da CBV com o Banco do Brasil vai até 30 de abril de 2017 e prevê confidencialidade em relação ao valor do patrocínio. Por meio de sua assessoria de imprensa, o banco diz que não sabia da intermediação, "solicitou explicações à CBV e aguarda a resposta da entidade". O primeiro contrato entre as parte é de 1991 e o atual foi assinado em 2012.
Em entrevista à TV Globo, Marcos Pina afirmou que o contrato da SMP com a CBV foi assinado em 2012, quando ele não era funcionário da entidade. Ele disse ainda que o contrato é lícito, foi avaliado por auditoria externa, aprovado e consta no balanço da CBV.
Alexandre Arruda/CBV Fábio Azevedo (ao fundo) e Ary Graça Filho em evento da CBV Já a segunda denúncia da ESPN diz que a empresa S4G Gestão de Negócios, de Fábio Dias Azevedo, atual diretor geral da FIVB, recebeu os R$ 10 milhões por dois contratos de prestação de serviços e assessoria comercial. A empresa, porém, teria sido aberta três dias antes da assinatura dos contratos. Azevedo também trabalhou na CBV na gestão de Ary Graça Filho.
De acordo com a entidade, a auditoria, que complementará processo de revisão interna já iniciado pela instituição, irá incluir a apuração das denúncias.
"O objetivo é ter um diagnóstico preciso do impacto desses contratos para a instituição. E, a partir dos resultados da auditoria, definir as medidas que serão adotadas. A escolha da empresa de auditoria deverá ser definida nos próximos dias", diz nota da CBV.
A CBV diz ainda que "todos os contratos mencionados nas denúncias tiveram seus pagamentos suspensos preventivamente ou já foram cancelados".
O contrato com a S4G Gestão de Negócios, de acordo com a CBV, "foi rescindido no ano passado". Já "o contrato com a SMP, que previa serviços de assessoramento e planejamento, foi suspenso preventivamente para permitir a realização do processo de auditoria", respondeu a assessoria de imprensa da entidade à Folha.
O ex-superintendente-geral, Marcos Pina, foi afastado do cargo. Ele havia assumido a posição de chefia na entidade em setembro passado, mas já trabalhara na confederação entre 1997 e 2000. Em seu lugar está Neuri Barbieri, presidente da Federação Paranaense de Vôlei.
"Iremos realizar uma revisão completa de todos os contratos de terceirização de serviços para tomar as providências necessárias caso problemas sejam detectados", afirma Barbieri, novo superintendente-geral da CBV, no comunicado da entidade.
Divulgação/CBV Marcos Pina (à esq.) com companheiro de vôlei de praia Elito CBV
No início deste ano aconteceram mudanças na gestão da CBV.
Radamés Lattari, técnico da seleção masculina na Olimpíada de Sydney, em 2000, passou a ser o novo diretor de eventos. A nova equipe de gestão ainda conta com Paulo Márcio (para cuidar das seleções), Marcelo Wrangler (vôlei de praia), Renato D'Avila (competições nacionais) e Carlos Luiz Martins (relações externas).
A CBV também mudou a composição do Comitê Gestor da Superliga no início de 2014. Os ex-jogadores Renan dal Zotto e Leila Gomes passaram a trabalhar com Luiz Eymard e Renato D'Avila. Eles estavam sob o comando de Marcos Pina até o mês passado.
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