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    Presidente da Federação Argentina de Futebol morre aos 82 anos

    DE SÃO PAULO

    30/07/2014 13h50

    Juan Mabromata/AFP
    Julio Grondona durante jogo em Buenos Aires, em março de 2013
    Julio Grondona durante jogo em Buenos Aires, em março de 2013

    O presidente da Associação do Futebol Argentino (AFA) e vice da Fifa, Julio Grondona, morreu nesta quarta-feira (30), aos 82 anos, vítima de complicações cardíacas.

    De acordo com informações do jornal "Clarín", Grondona foi internado com urgência em um hospital de Buenos Aires após sofrer uma indisposição cardíaca.

    Ainda segundo o periódico, o seu quadro de saúde piorou nas últimas horas. Com isso, o dirigente não resistiu e morreu pouco antes de ser submetido a uma cirurgia.

    Grondona era o presidente da federação argentina desde 1979 e foi secretário-geral da Copa da Argentina, em 1978. Além de ser o primeiro vice-presidente da Fifa, o argentino era um dos membros do comitê executivo da Conmebol.

    Em 35 anos no comando da federação local, o maior êxito do dirigente foi a conquista da Copa do Mundo de 1986. Além deste Mundial, ganhou também duas medalhas de ouro em Olimpíadas (Atenas-2004 e Pequim-2008) e a Copa América de 1991 e 1993.

    A morte de Grondona acontece justamente no dia em que seria oficializado a saída do técnico Alejandro Sabella da seleção argentina.

    Por meio de uma rede social na internet, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, lamentou o falecimento de Grondona.

    "Muito triste pela perda de um grande amigo. Julio Grondona nos deixou aos 82 anos. Hoje eu abraço a sua família. Descansa em paz", escreveu Blatter no Twitter.

    A AFA anunciou que a primeira rodada do Campeonato Argentino, programada para começar nesta sexta-feira (1º), com a partida entre Godoy Cruz e Banfield, foi suspensa. A entidade deve discutir na semana que vem uma nova data para o início da competição.

    POLÊMICAS

    Grondona assumiu a AFA em 1979 e sempre foi visto como um dos cartolas mais fortes do continente com João Havelange (ex-Fifa e CBF), Ricardo Teixeira (ex-CBF) e o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Conmebol.

    Sob o comando de Grondona, a Argentina ganhou a Copa-1986 e foi vice em 1990 e 2014. Faturou ainda duas medalhas de ouro, em Atenas-04 e Pequim-08, uma Copa das Confederações-92 e duas Copas América, em 1991 e 93.

    Também sob seu comando o futebol argentino enfrentou greves de jogadores, escândalos de doping, a ascensão dos barra bravas e o enfraquecimento dos clubes.

    Também houve denúncias do envolvimento do cartola com empresários e até de venda de voto na Fifa, quando ajudou a eleger o Qatar sede da Copa do Mundo de 2022.

    Grondona era vice da Fifa desde 1988, onde atuou também como presidente da Comissão de Finanças. Sempre foi considerado peça fundamental na eleição de Joseph Blatter na entidade, em 98.

    Recentemente, Humberto Mario, filho do cartola, é que se envolveu em um escândalo. Durante a investigação da polícia civil do Rio sobre esquema de cambismo de entradas na Copa no Brasil, o argentino admitiu ter revendido ingressos para um amigo.

    Já Grondona sempre foi questionado pela maneira centralizadora e nada transparente de administrar. Em seu primeiro mandato, foi acusado de ter sido nomeado a dedo pela ditadura militar.

    O fato de prolongar sua gestão por 35 anos também motivou críticas. Costumava dizer que não havia alguém para substituí-lo. Em 2010, disse que só sairia morto.

    Também foi acusado de tirar proveito político do cargo. Assim se aproximou do então presidente Néstor Kirchner (e depois de sua mulher, Cristina) e costurou o "Futebol Para Todos", programa estatal que comprou os direitos de transmissão do torneio nacional e deu dinheiro aos clubes.

    Viveu relação de amor e ódio com Maradona. Neste ano, chamou o ídolo de pé-frio durante a Copa e não foi perdoado pelos argentinos.

    Ao responder as críticas, costumava dizer "Tudo passa" (Todo pasa). Frase que grafou em seu anel de ouro.

    Juan Mabromata - 15.abr.2011/AFP
    Julio Grondona, que era o presidente da Federação Argentina de Futebol desde 1979
    Julio Grondona, que era o presidente da Federação Argentina de Futebol desde 1979

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