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    Nas cidades da Copa, apenas 45% das escolas têm quadras

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    27/11/2014 02h00

    Escolas sem equipamento esportivo, educação física ignorada no currículo escolar e escassez de profissionais para promover atividades regulares à população.

    Essa realidade é bastante comum em dez das principais capitais brasileiras, todas elas cidades-sedes na Copa.

    É o que mostra censo a ser divulgado nesta quinta (dia 27), em São Paulo, pela ONG Atletas pelo Brasil, liderada pelo campeão mundial de futebol Raí e pela medalhista olímpica do vôlei Ana Moser.

    Obtido com exclusividade pela Folha, o relatório –intitulado Cidades do Esporte– analisou indicadores de 2013 fornecidos pelas prefeituras de São Paulo e Belo Horizonte (Sudeste); Curitiba e Porto Alegre (Sul); Salvador, Natal, Recife e Fortaleza (Nordeste); e Brasília e Cuiabá (Centro-Oeste), a partir de questionário com mais de cem tópicos.

    Rio de Janeiro e Manaus, que também foram sedes da Copa, foram procuradas, mas não validaram os resultados.

    SEM QUADRA

    Nos municípios analisados, apenas 45% das escolas têm pátios, quadras ou ginásios, equipamentos fundamentais para uma iniciação na prática esportiva.

    Joel Rodrigues - 5.jul.2014/Folhapress
    Vista do estádio Mané Garrincha, em Brasília, uma das sedes da Copa-2014
    Vista do estádio Mané Garrincha, em Brasília, uma das sedes da Copa-2014

    Só três das cidades indicaram que a totalidade dos alunos de sua rede de ensino têm aulas de educação física na grade regular. Segundo a lei federal, a disciplina deve constar obrigatoriamente no currículo escolar.

    Em um país com mais de 200 milhões de habitantes, faltam profissionais em instituições públicas para orientar os aspirantes a atleta.

    A maioria dessas grandes cidades tem um instrutor para cada 4.000 habitantes, muito aquém do patamar tido como ideal nos países desenvolvidos, um profissional para cada mil pessoas.

    "O esporte não é visto nas maiores cidades do Brasil como tema relevante. O caminho é árduo", afirma Daniela Castro, diretora executiva da ONG Atletas pelo Brasil, que tem a Unesco e a Unicef entre os seus parceiros.

    Segundo ela, um dos municípios não tem sequer uma secretaria de esporte, apenas uma diretoria encarregada de tocar projetos. Por ora, não foram divulgadas informações específicas de cada cidade, apenas os dados gerais.

    Editoria de arte/Folhapress

    Um dos trechos da conclusão do relatório aborda a "dificuldade na obtenção de dados de diferentes secretarias, o que evidencia um problema de integração entre órgãos no tema do esporte."

    O documento será entregue às cidades participantes para que ajude em melhorias futuras. Uma apresentação também deve ser feita ao Ministério do Esporte.

    Relatórios periódicos como esse serão publicados ao menos até 2022. "Vemos que a realização de um evento como a Copa não influenciou a política pública de esporte", disse Daniela.

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