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    Ana Moser diz que convite para APO 'não se concretizou'

    DE SÃO PAULO

    14/05/2015 13h09

    Gustavo Alves/Divulgação
    Medalhista olímpica, Ana Moser lidera ONG Atletas pelo Brasil
    Medalhista olímpica, Ana Moser lidera ONG Atletas pelo Brasil

    Convidada pelo governo federal para chefiar a APO (Autoridade Pública Olímpica), estatal que unifica os entes responsáveis pela organização dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, a ex-jogadora de vôlei Ana Moser não deverá assumir o cargo. Em texto publicado no Blog do Juca, do UOL, ela afirmou que uma polêmica sobre um e-mail enviado por ela em 2009 fez com que a conversa com o governo federal não avançasse.

    Durante a campanha da Rio-2016, Ana Moser divulgou um texto com críticas à candidatura. A opiniões foram enviadas por e-mail para o colégio eleitoral do COI (Comitê Olímpico Internacional).

    "Esta polêmica criou um clima político adverso que fez com que o meu convite inicial para a APO não se concretizasse", afirmou a ex-jogadora em texto.

    A APO, criada em 2011 e com previsão de ser extinta em 2018, está sem chefe desde fevereiro, quando general Fernando Azevedo e Silva deixou o cargo.

    O primeiro presidente da estatal foi o ex-ministro das Cidades Márcio Fortes, que deixou o cargo no fim de 2013.

    De início, Moser foi crítica à escolha do Rio como sede dos Jogos de 2016.

    Em janeiro deste ano, o grupo Atletas pelo Brasil do qual a ex-jogadora faz parte criticou a escolha do ministro do Esporte, George Hilton.

    "A Presidente Dilma abriu mão de uma oportunidade de melhorar a gestão do esporte. Decepcionou todo um setor de atletas, jornalistas, empresários, organizações, trabalhadores e amantes do esporte em geral", disse a nota.

    No final de janeiro, a ex-atleta se encontrou com George Hilton em Brasília e o elogiou.

    Texto de Ana Moser publicado no Blog do Juca Kfouri

    Há algumas semanas fui convidada pelo governo, através do Ministro da SECOM, para assumir a direção da APO com o foco no desenvolvimento de uma proposta de Legado Social e Esportivo para a Olimpíada. Num primeiro momento o convite mobilizou atletas e outrasinstituições que atuam com esporte em torno da possibilidade de concretizar os diferentes movimentos de governos e sociedade em curso atualmente, usar efetivamente a oportunidade da Olimpíada para construir o que ficará para depois dos Jogos. Ter a prioridade desta plataforma num dos órgãos centrais do momento político/esportivo.

    Por outro lado gerou uma polêmica em torno de um e-mail que enviei em 2009 para, supostamente, os delegados do COI que votariam na próxima sede olímpica, pedindo para que não votassem no Rio e que me colocou como uma "inimiga do movimento olímpico". Escrevi o e-mail como simples cidadã, para expressar minha visão: acreditava que era preciso primeiro construir uma nação esportiva para depois receber o maior evento esportivo do mundo. Entendia que, ao assumir a responsabilidade de organizar uma Olimpíada sem que tivéssemos uma ampla base de praticantes, o esporte para as pessoas comuns seria colocado num segundo plano e que a concentração de recursos e poder em torno do esporte de elite seria muito maior.

    Esta polêmica criou um clima político adverso que fez com que o meu convite inicial para a APO não se concretizasse.

    Com a eleição do Rio o meu lado continuou o mesmo de sempre: o esporte e o Brasil. O que mantenho até hoje, especialmente à frente do Instituto Esporte & Educação e junto com os Atletas pelo Brasil e parceiros.

    Somos propositivos, elaboramos e aplicamos propostas conceituais e metodológicas envolvendo entes públicos e privados, apresentamos metas, sensibilizamos e mobilizamos muitos no debate do esporte e seu desenvolvimento. E sempre reivindicamos responsabilidade dos governantes e participação da sociedade. Qual LEGADO social e esportivo que este período de grande investimento no esporte espetáculo deixará para os brasileiros?

    Muito aconteceu desde 2009, que em parte confirma o que pensava, mas por outro lado abriu oportunidades de interação entre os mais diferentes setores econômicos, sociais e políticos em torno do esporte. Este movimento maciço tem provocado urgências nas demandas por infraestrutura e maior debate na sociedade que gera leis, programas, canaliza recursos e traz qualificação. Avanços que talvez não fossem tão amplos na sua mobilização sem os Grandes Eventos.

    Apesar destes avanços, na prática os impactos são notórios mais nas arenas esportivas, na preparação das equipes olímpicas e da competição em si, do que na ampliação do número de praticantes, na garantia do direito de todos, na estruturação prioritária de políticas que tenham escala por todo o Brasil. Acredito que a Olimpíada será um grande evento. Porém, a pouco mais de um ano para fechar este ciclo esportivo, não temos os planos estratégicos para efetivar este legado. Há muito ainda para se fazer nesta área.

    Desejo um bom trabalho para todos os envolvidos, agradeço a confiança daqueles que me apoiaram e continuo com o trabalho que faço há 15 anos, e que está à disposição para juntar forças com todos os movimentos pelo esporte.

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