• Esporte

    Thursday, 02-May-2024 13:54:50 -03

    Logo do Especial Rio-2016

    Crise tira ucraniano Oleg Ostapenko da ginástica artística do Brasil

    BRUNO DORO
    DO UOL

    01/12/2015 15h27

    Theo Marques-03.mai.2013/Folhapress
    O treinador ucraniano Oleg Ostapenko orienta a ginasta Raquel Fernandes no Centro de Excelência de Ginástica, em Curitiba (PR)
    O ucraniano Oleg Ostapenko orienta a ginasta Raquel Fernandes no centro de excelência em Curitiba

    Oleg Ostapenko trabalhou com ginastas brasileiras de 2002 a 2008. Nesse período, Daiane dos Santos foi bicampeã mundial, Jade Barbosa conquistou o vice-campeonato mundial e Laís de Souza despontou como uma das principais atletas do planeta. O treinador ucraniano voltou ao país em 2011. E, quando estava prestes a testar a eficiência de seu segundo ciclo de trabalho no país, vai deixar o Brasil novamente. Desta vez, com o trabalho pela metade.

    O técnico era coordenador do Centro de Treinamento de Ginástica de Curitiba, o Cegin, antiga sede da seleção feminina. O local hoje é bancado via Lei de Incentivo fiscal. E depende da captação de recursos com empresas privadas, que investem parte do que pagariam de impostos no esporte. O problema é que, para o ciclo 2015-2016, o valor ficou abaixo do aguardado. A informação foi divulgada pelo jornal "O Globo".

    "Desta vez, não captamos o valor total. E não tínhamos como bancar os treinadores. O projeto terminou em junho e o novo começou na sequência, mas não tínhamos como pagar o que o Oleg ganhava", admite a responsável pelo Cegin, Eliane Martins, ao UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha.

    Nos últimos meses, Oleg teve seu salário dividido. Metade foi pago pelo Cegin, com dinheiro da Lei de Incentivo, metade pelo COB, que entrou no projeto para evitar a saída do treinador antes do Mundial de Glasgow, disputado em outubro –no qual a seleção feminina do Brasil terminou em nono lugar, a uma posição da classificação olímpica.

    A partir desse mês, porém, as verbas acabaram. E Oleg marcou sua passagem de volta. Ele e a mulher, Nadia, embarcam para a Ucrânia no sábado (5). Antes dele, o Cegin já tinha perdido outro treinador estrangeiro, o bielorrusso Nikholay Hradoukin.

    "A alta do dólar foi um problema. Quando eles vieram, acertaram o salário em reais. E, hoje, com a variação cambial, estavam recebendo a metade do que foi acordado. O Nikholay veio conversar, perguntou se podíamos fazer a atualização. Não era possível e ele deixou o país. Com o Oleg, o caso era parecido", diz Eliane.

    A diferença é que Oleg, por sua identificação com o Brasil, não queria sair. Sua permanência, até agora, mostrava isso. O ucraniano sabia, há algumas semanas, que o Cegin não tinha dinheiro para mantê-lo, mas apostava nos esforços que profissionais como Eliane faziam para encontrar uma alternativa.

    "Acho que ele ainda acredita que pode ficar. Ele tem uma proposta para treinar a seleção bielo-russa, que está vivendo uma reconstrução de todo o seu programa de ginástica. Mas ele ainda não aceitou a proposta. Acho que está esperando para ver se conseguirmos chamá-lo de volta".

    Caso isso aconteça, quem vai ser beneficiado é a seleção brasileira. Hoje, o Cegin conta com cinco ginastas da equipe. A principal é Lorrane Oliveira, melhor do país no individual geral no Mundial de Glasgow. Além disso, o time conta com Daniele Hypolito, a mais experiente das ginastas brasileiras, Lorena Rocha, Mariana Oliveira e a jovem Caroline Pedro, campeã brasileira juvenil. Em seu lugar, o CT paranaense promoveu a também ucraniana Irina Iliachenko, no país desde 1999.

    Em resposta à Folha, o COB confirmou as negociações para tentar manter o treinador no país.

    "Oleg Ostapenko informou que recebeu uma proposta pessoal do Ministro de Esportes da Bielorrússia para estruturar a ginástica naquele país. O COB então apresentou uma boa proposta ao treinador, que foi ético e não fez nenhum tipo de leilão ou barganha. É importante ressaltar que temos outro treinador estrangeiro, de excelente nível, atuando à frente do grupo, além do surgimento de novos treinadores brasileiros que têm atuado com grande qualidade no cenário internacional. O COB vai continuar com o trabalho sério e estruturado, junto à CBG, para elevar o patamar de resultados da ginástica artística brasileira. Se em algum momento o Oleg retornar, será muito bem-vindo a atuar novamente em nosso país."

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024