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    Dupla brasileira da vela investe R$ 150 mil do próprio bolso pela Rio-2016

    PAULA SPERB
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO ALEGRE (RS)

    28/01/2016 12h17

    Para representar o Brasil na Rio-2016, o gaúcho Samuel Albrecht, 34, e a fluminense Isabel Swan, 32, gastaram R$ 150 mil. Do próprio bolso.

    Os atletas disputarão a classe Nacra 17, modalidade de vela que estreia na Olimpíada neste ano. A dupla garantiu a vaga na equipe brasileira em dezembro, após um semestre de preparação.

    Equipamentos, treinos e viagens para outros campeonatos preliminares foram bancados com recursos próprios. Os dois, que estão em Miami, nos EUA, para pleitear o campeonato mundial, aguardam o patrocínio efetivo de alguma empresa.

    A Nacra 17, disputada com um catamarã (com dois cascos), tem obrigatoriamente uma dupla mista e é considerada a modalidade mais radical e mais veloz da vela: é capaz de atingir até 45 km/h.

    A disputa será na Baía de Guanabara, onde os atletas têm treinado. A familiaridade com o local da prova, entretanto, não é vista como vantagem pelos brasileiros.

    "Acreditar que favorece pode ser um fator que atrapalha. Temos que estudar o lugar da mesma maneira que os estrangeiros", diz Isabel.

    Para Albrecht, as equipes dos outros países já conhecem bem a baía e "sempre pode acontecer algo diferente".

    As mudanças são possíveis porque, no caso da vela, o combustível é o vento. A distância a ser percorrida pelos catamarãs é decidida pouco antes da prova, pelo juiz.

    "A prova tem cerca de 30 minutos. Se o vento está muito forte, o barco vai mais rápido, e a prova ficaria muito curta. Então, o juiz pode aumentar o percurso", explica Isabel. Na Nacra 17, os barcos de três velas que ficam lado a lado e precisam fazer o caminho de ida e volta duas vezes.

    PREPARAÇÃO

    Albrecht e Isabel se conhecem desde a Olimpíada de Pequim (2008), quando disputaram, com outros parceiros, na classe 470. Ao lado de Fernanda Oliveira, Isabel foi a primeira mulher do Brasil a ganhar uma medalha olímpica na vela, levando o bronze.

    Desde então, ela conta que ganhou experiência.

    "Aprendi com as vitórias e as derrotas. A vaga na equipe me trouxe de novo a confiança. Acabei entrando por não ter medo de recomeçar".

    Ela trocou a 470 pela Nacra 17 pouco antes da disputa pela vaga.

    A Rio-2016 é ainda mais importante para Isabel porque, como embaixadora do Brasil, ela discursou em Copenhague, em 2009, para defender a escolha da cidade-sede.

    Mesmo com a projeção que ganhou, inclusive como "musa", não conseguiu o apoio financeiro necessário. Foi na Marinha, onde é sargento, que recebeu suporte para se dedicar ao esporte.

    "Tive que fazer a parte administrativa de captar verba com editais. Não foi fácil", relembra.

    Albrecht afirma que os gastos não são poucos. Um conjunto de velas, por exemplo, custa cerca de R$ 20 mil, mais os impostos de importação.

    Em um ano, as velas são trocadas aproximadamente cinco vezes. O barco custa cerca de R$ 160 mil, e a dupla ainda não conseguiu um novo para usar na prova olímpica.

    "No Brasil, ter apoio é muito difícil mesmo", diz ele.

    Além do esforço para se manter em um esporte caro, a dupla tem outra característica em comum. Eles começaram a praticar vela aos 8 anos, por influência paterna.

    Agora, revezam-se entre o rio Guaíba, em Porto Alegre, e o mar carioca para treinar.

    "Estou praticamente morando no Rio", conta o timoneiro, animado com a Olimpíada. "A Nacra 17 é rápida e moderna. É o futuro da vela".

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