Promotores franceses que investigam casos de corrupção no atletismo vão ampliar o inquérito e analisar o processo de escolha das sedes das Olimpíadas de 2016, no Rio, e de 2020, em Tóquio, no Japão, segundo o jornal inglês "The Guardian".

De acordo com o periódico, esse é o primeiro sinal de que a crise que atingiu a IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo) pode ter se espalhado e criado sérios problemas para o COI (Comitê Olímpico Internacional).

Ainda segundo o jornal, a investigação francesa está num estágio inicial, mas vai analisar o papel do senegalês Lamine Diack, ex-presidente da IAAF e membro do COI de 1999 a 2013, no processo de escolha das sedes das Olimpíadas em questão.

Na reportagem, o periódico não cita nenhuma irregularidade na candidatura brasileira.

Segundo a agência Reuters, a investigação francesa foi aberta em dezembro em resposta a reportagens que questionavam como a IAAF definiu a cidade de Eugene, nos Estados Unidos, como sede de seu campeonato de 2021.

Veja fotos

Diack foi preso em novembro de 2015 acusado de corrupção e lavagem de dinheiro em esquema que escondia resultados de exames antidoping no atletismo.

Ele ficou na presidência da entidade até o final de agosto do ano passado, quando foi substituído pelo britânico Sebastian Coe, eleito após vencer a disputa contra o ex-atleta ucraniano Serguei Bubka.

Em janeiro deste ano, o "The Guardian" disse que Papa Massata Diack, filho de Lamine, distribuiu "pacotes" para seis membros do COI quando o Qatar ainda estava no páreo para sediar os Jogos de 2016.

Os dirigentes que receberiam os presentes indicaram, num e-mail, que queriam receber as encomendas por meio de um "conselheiro especial" em Mônaco. Este conselheiro era, aparentemente, segundo o jornal, Lamine Diack.

Em janeiro deste ano, a IAAF anunciou ainda o banimento de Papa Massata Diack por toda a vida.

O jornal francês "Le Monde" divulgou em dezembro uma reportagem na qual afirmou que Nick Davies, cartola da cúpula da IAAF, sabia de casos acobertados pela entidade em 2013, envolvendo sobretudo atletas russos.

A publicação demonstrou e-mail trocado entre Davis, que é braço direito de Coe, e Papa Massata Diack.

COMITÊ DESCARTA FRAUDE

O Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016 afirmou nesta terça (1º) que venceu a disputa para sediar a Olimpíada porque tinha o melhor projeto entre os concorrentes. Também descartou qualquer possibilidade de fraude na disputa de 2009 contra Madri, Tóquio e Chicago.

"O Rio de Janeiro ganhou o direito de sediar os Jogos porque tinha o melhor projeto. A diferença de votos no final, 66 a 32 (contra Madri), exclui qualquer possibilidade de uma eleição que pudesse estar viciada", disse à Reuters por telefone o diretor de comunicação do comitê, Mario Andrada.

O Comitê Olímpico Internacional (COI), por sua vez, afirmou que agirá em resposta a qualquer evidência obtida pelos procuradores franceses.

"Quando tivermos evidência que nos for mostrada, vamos agir em cima disso. É algo fácil de se falar, mas ninguém tem qualquer evidência", declarou o porta-voz Mark Adams.