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    Proposta de jogos com 60 minutos é para causar debate, diz dirigente

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    22/06/2017 02h00

    Ivan Sekretarev/Associated Press
    Chile's Eduardo Vargas looks at referee Demir Skomina during the Confederations Cup, Group B soccer match between Cameroon and Chile, at the Spartak Stadium in Moscow, Sunday, June 18, 2017. (AP Photo/Ivan Sekretarev) ORG XMIT: FP259
    Árbitro sinaliza o uso do vídeo em jogo entre Camarões e Chile, pela Copa das Confederações

    A International Board resolveu fazer barulho. A entidade que zela pelas regras do futebol publicou na semana passada um documento com propostas para mudar o futebol e torná-lo mais dinâmico, com menos paralisações. O ponto que mais chamou a atenção foi a ideia de que as partidas sejam disputadas em dois tempos de 30 minutos. O cronômetro seria parado toda vez que a bola saísse de campo. Mas de acordo com Lukas Brud, secretário da entidade, a intenção era gerar debate. Ele descarta alterações significativas a curto ou médio prazo na forma como o futebol é disputado.

    "A maioria dos pontos do nosso documento é para discussão. Queremos fomentar o debate. A ideia, na verdade, é mudar a cultura do esporte. O objetivo é eliminar as coisas negativas que existem", disse ele para a Folha.

    Outras questões que a entidade quer discutir são a permissão para que faltas sejam batidas com a bola rolando; o juiz não poder terminar a partida se um ataque estiver em andamento; proibir rebotes em cobranças de pênaltis defendidas pelos goleiros; conceder gol automaticamente se o jogador tirar a bola em cima da linha com o braço.

    "Não é que acordamos um dia e pensamos: 'ah, vamos mudar as regras do futebol'. O que nós queremos é melhorar a disciplina. A intenção sempre é cortar o desperdício de tempo e aumentar o respeito ao árbitro", afirma Brud.

    As mudanças mais polêmicas servem, no final das contas, para chamar a atenção para a International Board, órgão independente da Fifa e que é denominado pelos seus dirigentes como "guardião das leis do futebol". Por ser historicamente resistente a novidades, ganhou a pecha de conservadora. Mais um motivo para as propostas terem causado tanta surpresa.

    Há ideias que os dirigentes realmente querem ver implantadas, mas estas já estão nas normas do esporte.

    "O goleiro tem seis segundos para repor a bola, senão é punido. Isso tem de ser colocado em prática, o que não acontece hoje em dia. O árbitro deve fazer com que o jogador substituído saia do campo pelo caminho mais curto, sem ir até onde está o banco de reservas. São coisas fáceis de colocar em prática e que podem aumentar o dinamismo da partida", avalia Brud.

    O árbitro de vídeo, utilizado na Copa das Confederações na Rússia, foi discutido por sete anos antes de colocado em prática. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, já disse desejar ter o recurso na Copa do Mundo do próximo ano.

    Antes resistente à ideia, a International Board começou a tratar do tema após o Mundial de 2010 por causa do gol de Frank Lampard, da Inglaterra, contra a Alemanha. Em chute do inglês, a bola bateu no travessão e entrou, mas o árbitro não viu. Os alemães se classificaram.

    "Todas as opções estão na mesa. A questão é se serão aceitas ou não. As ideias não foram criadas por nós [da International Board]. Foram propostas que recebemos e resolvemos discutir. Não quer dizer que serão implantadas ou mesmo debatidas por um longo tempo. Queremos ver o que acontece. Há quem deseje que o futebol continue como está", afirma o secretário.

    Qualquer mudança terá de passar pelo trâmite normal. Ser debatida na International Board, enviada à Fifa, e testada em torneios europeus de pouca expressão.

    Apesar de constar no documento da entidade, o secretário reconhece não ser provável que o jogo de futebol passará a ter 60 minutos.

    "Sabemos que há ideias que as pessoas não vão gostar. Mas queremos debatê-las."

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