Vivemos uma crise global profunda e sem precedentes na história recente da humanidade. Uma crise dessa magnitude exige de todos nós reflexões igualmente profundas que possam contribuir para a reformulação do pacto civilizatório e das bases de convivência coletiva. É necessário um direcionamento para a construção de uma nova ordem social baseada na coletividade. Mais do que nunca, lideranças preparadas para lidar com crises globais são fundamentais para propor revisões dos princípios de uma democracia ainda jovem e frágil, para que nossa sociedade caminhe para uma democracia forte e com valores compartilhados por todos e para todos.
O Brasil é um dos países mais violentos para mulheres. Segundo o Ministério da Saúde, a cada quatro minutos uma mulher é agredida por um homem em ambiente doméstico. E em 2019, sob o atual governo, foi registrado um crescimento de 7,3% dos casos de feminicídio se comparado ao ano de 2018, com explosão dos números em alguns estados, segundo dados do Núcleo de Violência da Universidade de São Paulo. Ainda segundo o estudo, 1.314 mulheres são mortas por serem mulheres, média de uma mulher a cada sete horas.
Há o que celebrar neste mês das mulheres. O aumento na escolaridade, o crescimento do nível de ocupação e dos espaços políticos. Em outros campos, falta muito, como a ainda tímida redução das injustas diferenças salariais. E, principalmente, como também continua necessário lembrar que todo dia é dia de exigir respeito, de cobrar justiça e de dar um basta à violência. A igualdade entre mulheres e homens não é apenas um direito feminino, mas o requisito que humaniza a nossa própria existência.
As mulheres mexicanas convocaram uma greve nacional para o dia 9 de março. Diante da violência nos âmbitos públicos e privados, o apelo é que as mulheres não vão ao trabalho, à escola ou à universidade, e tampouco realizem atividades em espaços públicos. Esse protesto cidadão legítimo busca colocar em evidência a falta de uma resposta contundente por parte do Estado.
Mulheres se reuniram em cidades ao redor do mundo em manifestações pelo Dia Internacional da Mulher, celebrado neste domingo (8) -em alguns casos, mesmo sob a ameaça do coronavírus.