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    Decifre as palavras difíceis do hino nacional para cantar direito no Sete de Setembro

    PASQUALE CIPRO NETO
    COLUNISTA DA FOLHA

    04/09/2010 07h59

    Jean Galvão/Divulgação
    Ilustrações de Sete de Setembro
    Ilustração de Sete de Setembro

    A letra do hino nacional tem 101 anos; a melodia, 188. Escrito em 1909 por Joaquim Osório Duque Estrada, o texto apresenta um vocabulário rebuscado, difícil. E as frases nem sempre são escritas na ordem direta. Logo de cara ("Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado..."), nota-se uma forte inversão da ordem natural das palavras.

    Quer ver como fica o começo do hino se "desentortarmos" a frase? Vamos lá: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico. Melhorou um pouco, não? Na verdade, falta a segunda parte, que é o vocabulário: "plácidas" quer dizer "calmas"; "brado retumbante" significa "grito forte, que provoca eco, que ecoa". Pronto! Agora está claro, não?

    Bem, que tal traduzirmos algumas das palavras difíceis do texto? Vamos lá: "raios fúlgidos" são raios que brilham; "penhor" significa "garantia"; "em teu seio" (opa! nada de achar que se fala de...) significa "em teu interior"; "impávido colosso" significa "colosso/gigante destemido, que não se abala"; "fulguras, ó Brasil, florão da América" significa "brilhas, ó Brasil, como a grande flor da América".

    Bem, agora vamos combinar um pouco de vocabulário com a reordenação das palavras. Os versos "Brasil, de amor eterno seja símbolo / O lábaro que ostentas estrelado, / E diga o verde-louro dessa flâmula / Paz no futuro e glória no passado" ficam assim: "Brasil, que a bandeira estrelada que conduzes seja símbolo de amor eterno e que o verde e o amarelo dessa bandeira digam 'Paz no futuro e glória no passado'". Como você acabou de ver, "lábaro" e "flâmula" são sinônimos de "bandeira".

    Por fim, a "clava forte" ("Mas, se ergues da justiça a clava forte..."). A clava é um pau grosso, usado como arma. Aqui simboliza a força da justiça.

    Confira abaixo a letra completa do hino brasileiro.

    Jean Galvão/Divulgação
    Ilustrações de Sete de Setembro
    Ilustração de Sete de Setembro

    Parte I

    Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

    De um povo heróico o brado retumbante,

    E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,

    Brilhou no céu da pátria nesse instante.

    Se o penhor dessa igualdade

    Conseguimos conquistar com braço forte,

    Em teu seio, ó liberdade,

    Desafia o nosso peito a própria morte!

    Ó Pátria amada,

    Idolatrada,

    Salve! Salve!

    Brasil, um sonho intenso, um raio vívido

    De amor e de esperança à terra desce,

    Se em teu formoso céu, risonho e límpido,

    A imagem do Cruzeiro resplandece.

    Gigante pela própria natureza,

    És belo, és forte, impávido colosso,

    E o teu futuro espelha essa grandeza.

    Terra adorada,

    Entre outras mil,

    És tu, Brasil,

    Ó Pátria amada!

    Dos filhos deste solo és mãe gentil,

    Pátria amada,

    Brasil!

    Parte II

    Deitado eternamente em berço esplêndido,

    Ao som do mar e à luz do céu profundo,

    Fulguras, ó Brasil, florão da América,

    Iluminado ao sol do Novo Mundo!

    Do que a terra, mais garrida,

    Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;

    Nossos bosques têm mais vida,

    Nossa vida no teu seio mais amores.

    Ó Pátria amada,

    Idolatrada,

    Salve! Salve!

    Brasil, de amor eterno seja símbolo

    O lábaro que ostentas estrelado,

    E diga o verde-louro dessa flâmula

    - "Paz no futuro e glória no passado."

    Mas, se ergues da justiça a clava forte,

    Verás que um filho teu não foge à luta,

    Nem teme, quem te adora, a própria morte.

    Terra adorada,

    Entre outras mil,

    És tu, Brasil,

    Ó Pátria amada!

    Dos filhos deste solo és mãe gentil,

    Pátria amada,

    Brasil!

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