Perto do encerramento, a 56ª Feira do Livro de Porto Alegre, a maior a céu aberto das Américas, chegou à hora da xepa. Ao fim de 18 dias de comércio literário, nesta segunda-feira, o volume de vendas cresceu ao bater mais de um milhão de visitantes e quase 400 mil livros vendidos (14% mais do que em 2009).
Divulgação |
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Barracas em ar folclórico da Feira do Livro de Porto Alegre |
Mesmo no feriado prolongado de 15 de novembro, os consumidores passaram em massa pelo centro de Porto Alegre, na Praça da Alfândega, procurando as melhores ofertas. O centro histórico, um pouco obstruído por trabalhos de reforma, mostra como os gaúchos e a mídia local dão valor ao coração da cidade, em geral abandonado em outras capitais.
Registrada em 2010 como patrimônio imaterial de Porto Alegre, a população chama o evento de "nossa feira". A tradição tornou-se referência para outras cidades. Feira de Santana (BA) e São Luís do Maranhão (MA) enviaram representantes para conhecer melhor o modelo rio-grandense. No estado a prática é tão forte que há pelos menos 150 iguais a essa, algumas simultaneamente, o caso de Pelotas e Passo Fundo. No futuro, pretende-se criar um circuito nacional de feiras de livro liderado por Porto Alegre.
Bibliodiversidade
Ao longo dos seus 56 anos, que tornaram a feira a mais longa em tempo contínuo do Brasil, o jeito de quermesse foi mantido, com cheiro de pipoca doce e o burburinho ao ar livre. Em quase 150 barracas de livrarias, editoras e distribuidoras de livros, cada expositor tem o mesmo espaço, nas bancas ou quitandas de uma espécie de mercado público literário. A filosofia é que todos ocupem áreas iguais e se impeça os megaestandes de empresas esmagando os expositores menores ou menos populares.
"Buscamos a bibliodiversidade", resume o presidente da câmara rio-grandense do Livro, João Carneiro, citando um termo que significa maior variedade de livros à disposição. Segundo Carneiro, hoje as pessoas podem ter maior acesso a obras pela internet por catálogos virtuais, mas presencialmente existe somente um espaço público do porte da feira de Porto Alegre.
Visitantes
Os autores ilustres ficam maravilhados com a cena cultural em Porto Alegre. "Você vai ao Rio e São Paulo e o centro está um deserto", disse o desenhista Ziraldo, que há 30 anos frequenta a feira.
Ex-alunos de Ziraldo também fora recebidos em uma mostra dentro do evento, como Graça Lima e Roger Mello."Tenho 60 anos de carreira, uma grande quantidade de ilustradores já apareceu lá em casa com a pastinha debaixo do braço", recorda Ziraldo.