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    'Folhinha' disponibiliza primeira edição do caderno, publicada em 1963

    DE SÃO PAULO

    07/09/2013 00h01

    Para comemorar o aniversário de 50 anos da "Folhinha", a primeira edição do caderno está disponibilizada na íntegra no site e na versão para tablet e celular da Folha.

    Publicada em 8 de setembro de 1963, a edição foi digitalizada a partir do banco de dados do jornal. Porém, por causa do encadernamento do acervo, a reportagem da capa não pode ser lida completamente.

    Segue abaixo a íntegra do texto, que fala sobre um menino que foi medir o pescoço da girafa do zoológico.

    *

    Quando menino resolve medir pescoço de girafa, de nada adianta contrariá-lo. Acaba medindo mesmo. A primeira experiência de Marcelo, 4, como repórter da FOLHINHA DE S.PAULO resultou na interessante descoberta das medidas do pescoço de Chuca e na sua alimentação.

    Assim que Marcelo chegou ao Zoológico da Água Funda, foi recebido pelo diretor dr. Mario Autuori e sua esposa, dona Beatriz.

    - Que é que tem ai in dentro? - foi logo perguntando Marcelo, assim que avistou a primeira jaula.

    - Chimpanzé - respondeu dona Beatriz.

    - Chimpanzé não, eu quero é girafa mesmo.

    E foram ver a girafa. Marcelo a princípio ficou um pouco assustado, também pudera! Nunca tinha visto uma girafa de verdade em toda sua vida, ora.

    - É linda - exclamou extasiado - Como é que ela se chama?

    - Chuca.

    - Por quê?

    - Porque sim - exclamou dona Beatriz - Já veio da Alemanha com esse nome.

    - E por quê?

    - Porque sim.

    - E por que é que é porque sim?

    Aí, dona Beatriz disfarçou. Arranjou um molho de capim e disse ao pequeno repórter:

    - Se você quer medir o pescoço da Chuca, dê-lhe um pouquinho de capim que ela fica quietinha.

    Marcelo obedeceu. Para ficar do tamanho de Chuca, subiu na cerca. Ficou muito comovido quando a girafinha de cinco anos veio comer capim na sua mão, e seus olhinhos se encheram de lágrimas: metade medo, metade comoção.

    - Come, Chuquinha, come.

    E, na falta de maçãs, a girafa papou todo o capim da mão de Marcelo.

    Chuca na passarela

    Com a classe de um verdadeiro manequim francês, Chuca desfila com arte e elegância, transformando em passarela o amplo território de sua habitação.

    Dengosa e meiga, quando percebeu a intenção a intenção do repórter, inclinou o pescoço com aquela paciência de girafa acostumada com a imprensa.

    Marcelo ajeitou o metro e mediu.

    - Nossa! Um metro e quarenta tem o pescoço dela.

    Aí, diz Marcelo que a girafa sorriu dengosa. E, se o repórter diz que sorriu, é porque sorriu mesmo. Isso de girafa rir é coisa que só criança entende. Na certa, minha gente, foi orgulho de modelo que sabe ter medidas exatas para concorrer a qualquer título de "a mais bela do mundo".

    O que é que a girafa come, hein?

    - O que é que girafa come, hein?

    Não sabemos quem teve mais paciência, se a girafa ou se dona Beatriz, que levou Marcelinho pela mão até a cozinha, onde a alimentação de todos os animais do zoo é preparada mediante tabelas. E lá estava tudinho que girafa come:

    1 quilo de casca de banana (para substituir maçã) - 1 quilo de alfafa - 800 gramas de farelo - 1 quilo e meio de milho picado - 500 gramas de cenoura - 300 gramas de pão - 2 feixes de capim - 20 gramas de sal - 700 gramas de aveia em grão - 1 litro de chá preto - água à vontade.

    Chuca recebe essa refeição duas vezes ao dia. Às 9h, o almoço. E às 13h, o jantar.

    Afirma Marcelo que a girafa come com bons modos e não é nada mal-educada como o hipopótamo Baby, que, enquanto durou essa entrevista, ficou espirrando capim molhado na gente.

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