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    Casa muito engraçada da música de Vinicius de Moraes existe de verdade

    JULIANA FERREIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    19/10/2013 00h01

    "Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada". Essa música foi lançada pelo poeta brasileiro Vinícius de Moraes em 1980. Mas ele não inventou essa casa: ela existe de verdade.

    Ela se parece com um grande castelo branco à beira-mar e se chama Casapueblo. Fica no Uruguai, um país que faz fronteira com o sul do Brasil.

    A obra começou a ser construída pelo artista Carlos Vilaró, 89, em 1958. No início, era um pequeno quarto feito com latas. Vilaró conta que fez a casa ladrilho por ladrilho e demorou trinta anos para deixá-la como é hoje.

    "Se um pássaro com um bico constrói sua própria casa, por que não me animar a fazer a minha com minhas próprias mãos?", diz ele.

    Wesley Santos/Folhapress
    Vista da Casapueblo, no Uruguai
    Vista da Casapueblo, no Uruguai

    Vilaró ainda se lembra de quando Vinicius de Moraes visitava a Casapueblo.

    Cada vez que Vinicius ia ao local, encontrava uma casa diferente, metade construída e metade em escombros. Por isso, Vilaró não tem dúvidas de que o amigo brasileiro fez a música sobre sua construção.

    Vilaró diz que Vinícius cantou a música pela primeira vez lá em sua casa: "Era uma casa muito engraçada, não tinha portas, não tinha nada, era uma casa de pororó, era a casa de Vilaró". A canção foi um presente para as filhas do uruguaio, Agó e Beba.

    "Essa vez ficou marcada para sempre na minha memória. Talvez, colocando meu nome na letra, quis me homenagear". Vilaró conta que o poeta brasileiro passava as tardes na casa tocando seu violão.

    Hoje, Casapueblo é um museu, uma galeria de arte e um hotel. Os quartos têm nomes de hóspedes famosos, como o do compositor e cantor Toquinho.

    Toquinho foi convidado por Vinícius para transformar poemas em músicas e participou da produção do disco em que foi gravada a música "A Casa".

    "A casa é bem diferente, à beira de um penhasco, parece levitar ao pôr-do-sol. Fica a imagem de uma casa engraçada. Sem teto, sem chão, sem parede. Eis a magia da poesia de Vinicius", diz Toquinho.

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