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    ILUSTRADA 50 ANOS: 1967 - "O Rei da Vela" lota o Oficina

    "Noite do 'Rei da Vela' foi sucesso no Oficina" foi publicado originalmente sábado, 30 de setembro de 1967.

    24/11/2008 04h42

    "O Rei da Vela", peça inédita de Oswald de Andrade, estreou oficialmente, ontem à noite, para um grande público que lotou o Teatro Oficina e que aplaudiu as interpretações de Renato Borghi, Francisco Martins, Fernando Peixoto, Liana Duval, Itala Nandi, Etty Fraser, Dirce Migliaccio e outros atores do elenco.

    "Aqui e agora"

    1967/Folha Imagem
    Atores durante apresentação da peça "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, em 1967, dirigida por José Celso Martinez Corrêa
    Atores durante apresentação da peça "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, em 1967, dirigida por José Celso Martinez Corrêa

    O diretor de "O Rei da Vela", José Celso Martinez Correa, entusiasmou-se com a receptividade e a boa acolhida que o grande público ofereceu à peça de Oswald de Andrade. Ele diz que "o Oficina procurava um texto para a inauguração de sua nova casa de espetáculos que, ao mesmo tempo, inaugurasse a comunicação ao público de toda uma nova visão do teatro e da realidade brasileira. Eu havia lido o texto há alguns anos e ele permanecera mudo para mim. Me irritara mesmo. Parecia modernoso e futuristóide. Mas, mudou o Natal, e mudei eu. Depois de toda a festividade esgotar suas possibilidades de cantar a nossa terra, uma leitura do texto em voz alta para um grupo de pessoas fez saltar, para mim e todos os colegas do Oficina, todo o percurso de Oswald na sua tentativa de tornar obra de arte toda a consciência possível do seu tempo".

    As revoluções

    24.abr.1984/Avani Stein/Folha Imagem
    Diretor José Celso Martinez Corrêa exibe faixa da peça "O Rei da Vela", em São Paulo; estréia de encenação ocorreu em 1967
    Diretor José Celso Martinez Corrêa exibe faixa da peça "O Rei da Vela", em São Paulo; estréia de encenação ocorreu em 1967

    José Celso salienta que para exprimir uma realidade nova e complexa, era preciso reinventar formas que captassem essa nova realidade. "E Oswald nos deu, em 'O Rei da Vela', a 'forma' de tentar apreender, através de sua consciência revolucionaria, uma realidade que era e é o oposto de todas as revoluções. 'O Rei da Vela' ficou sendo uma revolução de forma e conteúdo para exprimir uma não-revolução. De sua consciência utópica e revolucionaria, Oswald reviu seu país, e em estado de criação quase selvagem captou toda a falta de criatividade e de historia desse mesmo país. A peça, seus 34 anos e o fato de não ter sido montada até hoje, fez com que captássemos as mensagens do autor e as fizéssemos nossas mensagens de hoje".

    O diretor conclui dizendo que sua geração apanhará a bola que Oswald lançou com sua consciência cruel e antifestiva da realidade nacional e dos difíceis caminhos de revolucioná-la. "Ela não está, ainda, totalmente conformada em somente levar sua vela. São os dados que procuramos tornar legíveis nesse espetáculo".

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