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    Matinas Suzuki Jr. diz que "ignorância" fez a Ilustrada dos anos 80

    PAULA CARVALHO
    da Folha Online

    10/12/2008 19h51

    O jornalista Matinas Suzuki Jr afirmou que a "ignorância" foi a principal razão para a Ilustrada ter o caráter irreverente que possuía nos anos 80.

    "Também tivemos uma grande liberdade para fazer o que quiséssemos. E também teve a sorte de ter muita gente boa na redação", disse Suzuki.

    As declarações foram feitas durante o debate "Cultura e Jornalismo", que começou nesta quarta-feira no auditório do Masp, em São Paulo. O debate, que faz parte das celebrações pelos 50 anos da Ilustrada, foi mediado por Marcos Augusto Gonçalves, atual editor do caderno.

    Além de Suzuki, participam no debate Ruy Castro, escritor e colunista da Folha, e Marcelo Coelho, colunista da Ilustrada e membro do Conselho Editorial da Folha.

    O ex-editor do caderno confessou que hoje não imagina ser editor de um caderno cultural, devido à grande quantidade de coisas que têm que ser cobertas.

    "E do ponto de vista técnico a Ilustrada não era nada. Tinha gente que foi para lá sem nunca ter pisado numa redação. Hoje, não há mais espaço para amadorismo", considerou.

    Coelho

    O colunista da Ilustrada Marcelo Coelho ponderou que o caderno, na década de 80, era também um "agente cultural", uma vez que ele refletia determinados gostos.

    "A Ilustrada podia dizer e até decretar o que era bom e o que era ruim", explicou.

    Coelho ainda disse que o critério para se fazer uma capa, para preencher um "vazio", era determinado pelo gosto pessoal das pessoas da redação, que "acreditavam estar fazendo uma revolução".

    "O caderno era a arma desse gosto. Hoje, a escolha da capa é mais objetiva" baseando-se nos fatos e não em gostos pessoais, afirmou Coelho, que ainda acrescentou que o fim dessa liberdade foi uma "perda" para o jornalismo.

    Castro

    O colunista da Folha Ruy Castro declarou não gostar do termo "jornalismo cultural". "O que existe é jornalismo".

    "As capas da Ilustrada surgiam de piadas de bar", disse Castro, que exemplificou a declaração citando a pauta da briga do Paulo Francis e do Caetano Veloso, em que o compositor chamou o jornalista de "bicha amarga".

    "A graça da enquete [quem faz a sua cabeça? Paulo Francis ou Caetano Veloso] estava na escolha das pessoas", acrescentou.

    "Havia menos coisas para cobrir, não tinha essa coisa dirigida como o show da Madonna. Faz um mês que toda a imprensa brasileira só fala na Madonna!"

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