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    Rodolpho Parigi usa cores vibrantes em releituras de Oiticica e concretos

    SILAS MARTÍ
    da Folha de S.Paulo

    05/02/2009 08h27

    Faz doer os olhos o rosa-choque das telas e das colagens. Tanto que, para fazer os nove desenhos e quatro telas da individual que abre hoje --sua primeira-- na galeria Nara Roesler, Rodolpho Parigi passou um bom tempo de óculos escuros.

    Divulgação
    "Concrete Blonde", tela do artista Rodolpho Parigi que dá nome a mostra individual
    "Concrete Blonde", tela do artista Rodolpho Parigi que dá nome a mostra individual

    Aos 31, ele é um dos nomes mais bem-sucedidos da nova geração de pintores que vem ganhando espaço no circuito, reunidos no grupo que ficou conhecido como 2000 e Oito. Entre eles, estão também Marina Rheingantz, Ana Prata e Bruno Dunley, todos representados por fortes galerias paulistanas.

    Nas colagens "Metadilemas", releitura néon que Parigi faz dos "Metaesquemas" de Oiticica, o pink rasga pelas frestas de um verde caneta marca-texto. Na tela "Concrete Blonde", que dá nome à mostra, é o rosa que dá o ritmo, num efeito cítrico.

    Mas se tudo parece moderno demais, Parigi dá um passo atrás. Seu pink, que arrisca virar sua cor assinatura, é pigmento moído, misturado como nos ateliês renascentistas e aplicado em telas de linho, técnica antiga da pintura.

    "É isso que eu quero, esse vai-e-vem, do futuro para o passado", resume Parigi. É a brecha que deixa para firmar seu compromisso com a pintura, que o tornou conhecido. "O suporte é importante, mas não é desdobrar a linguagem da pintura."

    Embora não seja tão claro seu recado, nas formas geométricas que adota pela primeira vez e na técnica clássica que usa desde sempre, Parigi tenta legitimar o próprio traço. Oscilando entre egotrip concretista e "viagem endoscópica", flerta de um lado com certa reverência histórica e de outro com uma afirmação oitentista repaginada, a crença na mão do artista, sem medo de parecer fútil.

    Quando terminou a peça central da mostra, não gostou dos excessos ortogonais nem do aspecto comportado. Jogou um balde de tinta sobre o quadro e limpou os respingos, dramatizando a explosão que domina a tela sobre ela mesma.

    "Eu me ponho à prova", afirma. "Busco profundidade em algo efêmero, industrial, superficial. Por que me comportar diante de um quadro?"

    RODOLPHO PARIGI
    Quando: abertura hoje, às 20h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 14/3
    Onde: galeria Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 3063-2344); livre
    Quanto:entrada franca

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