Conhecido por cantar descalço os sucessos "Haja Amor" e "Tieta", Luiz Caldas, considerado um dos criadores da axé music, calçou os pés com tênis All Star e gravou um disco inteiro de rock.
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Músico Luiz Caldas lançará caixa com dez CDs dedicados a ritmos musicais diferentes |
Há até incursões pelo heavy metal, em que Caldas, com voz irreconhecível --"inspirada em Louis Armstrong"--, urra: "eu estremeci, eu gelei, morri, escavei o chão, fui pra solidão".
A letra de "Maldição" passa longe dos versos ensolarados entoados por Caldas no trio elétrico. Para escrever a canção, "imaginei um homem que não conseguia se suicidar", conta.
A faixa integra o CD "Castelo de Gelo", que faz parte de um trabalho mais extenso do músico: "Luiz Caldas 130 Canções Inéditas", uma caixa com dez álbuns que o baiano pretende lançar simultaneamente até o mês de abril.
Cada disco é dedicado a um estilo musical diferente, com exceção da MPB, que aparece em dois dos CDs; há até espaço para músicas cantadas em tupi. Uma pequena amostra desse trabalho pode ser ouvida no MySpace do artista de 46 anos.
"Eu queria fazer algo diferente. Poderia ser um álbum duplo, mas é algo mais corriqueiro. O George Harrison, quando saiu dos Beatles, lançou um disco triplo. Queria fazer algo mais inusitado", explica.
Para compor uma produção tão vasta em pouco tempo (entre março e outubro de 2008), Caldas teve que abandonar o "método Dorival Caymmi". "Eu deitava e esperava a música vir. Não dava para fazer esse trabalho desse jeito".
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Luiz Caldas e André Abujamra chegaram a compor uma canção na língua tupi |
Resolveu, então, seguir o exemplo de Djavan, que "trabalha como operário", com horário certo para entrar e sair do emprego.
A caixa, na verdade, possui 132 músicas, das quais apenas duas não foram compostas por Caldas, mas sim oferecidas a ele por Walter e André Abujamra.
Segundo Caldas, Seu Jorge, Zeca Baleiro, Jorge Mautner e Sandra de Sá também fizeram participações especiais no projeto.
Carnaval
Para ele, não existe "evolução musical". "A música é a única coisa que não evoluiu no mundo. Como fomos parar de Beethoven a MC Lacraia?".
A postura crítica de Caldas também prevalece quando o assunto é o gênero que o deixou famoso nos anos 80. Segundo ele, o axé ficou muito comercial e não há nenhum artista atual que ouse.
"Axé é coisa carnavalesca. Nunca mandei ninguém ouvir o ano inteiro", disse. "Axé serve para Carnaval. Não é para levar a sério".