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    Marcelo Quintanilha une nostalgia e lirismo em HQ

    PEDRO CIRNE
    colaboração para a Folha de S.Paulo

    25/05/2009 08h59

    "As minhas histórias são repletas de nostalgia. O lugar em que me criei, em Niterói, era um bairro operário. À medida em que as fábricas foram embora, só ficou o sentimento nostálgico." Assim o quadrinista Marcello Quintanilha, 37, dá uma dica para o clima de seu novo livro, "Sábado dos Meus Amores".

    Reprodução
    Página de "Sábado dos Meus Amores", lançamento da Conrad
    Página de "Sábado dos Meus Amores", lançamento da Conrad

    Nostalgia é uma das palavras-chaves para o livro, mas não a única. Há um tom de crônica, lirismo e identidade brasileira que permeia as seis histórias em quadrinhos que compõem o álbum.

    "Todas as minhas histórias têm a tendência de transformar a vida em crônica", afirma Quintanilha, também autor de "Fealdade de Fabiano Gorila" (de 1999) e "Cidades Ilustradas - Salvador" (2005). Assim, tudo pode servir de mote para uma HQ: do voo de uma borboleta em uma metrópole ao ato de apostar na loteria. "Sou um grande fã de Rubem Braga." O escritor capixaba, inclusive, faz uma breve "aparição" na história que abre o livro.

    O lirismo aparece no título. "Optei por um título que remete ao universo daquelas histórias, não a uma específica", conta ele. "Todas as HQs têm um ar evocativo. Para algumas pessoas pode parecer poético. Para outros, uma crônica."

    E a identidade brasileira está presente nos pontos de partida das histórias: a paixão de um carioca pelo futebol, um dia na vida de um ajudante de circo no interior paulista, uma história de amor envolvendo um jangadeiro nordestino.

    "Não tenho dificuldades em representar o Brasil", diz o artista, que mora há sete anos na Espanha. "O Brasil está comigo. Sob muitos aspectos, o Brasil que está em 'Sábado dos Meus Amores' está nos moldes do país que eu vivi nos anos 70."

    "Conviver com uma cultura como a espanhola é importante para quem é oriundo da cultura ibérica", diz o artista sobre sua vivência na Europa. "Querendo ou não, você encontra um pouco do seu passado."

    A identidade brasileira não está apenas no conteúdo, mas também na forma: Quintanilha explorou recursos específicos das histórias em quadrinhos. "Uso balões que não têm forma fixa para simular a maleabilidade da língua como é falada no Brasil", explica.

    Além disso, as HQs do livro, conta ele, foram feitas com grafite e aquarela, "uma herança litográfica da imprensa do fim do século 19 e do início do século 20". "Procurei algo que pudesse ajudar com que o desenho fosse associado à identidade brasileira", afirma.

    SÁBADO DOS MEUS AMORES
    Autor: Marcello Quintanilha
    Editora: Conrad
    Quanto: R$ 39 (64 páginas)

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