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    Antropólogo Claude Lévi-Strauss morou no Brasil durante três anos

    da Folha Online

    03/11/2009 14h52

    O etnólogo e antropólogo Claude Lévi-Strauss, um dos maiores intelectuais do século 20, que morreu no último sábado, é conhecido no mundo inteiro com fundador da antropologia moderna.

    Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas em 28 de novembro de 1908, de pais judeus e franceses. Estudou direito e filosofia na Universidade de Sorbonne, na França.

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    Lévi-Strauss inicia seu grande projeto intelectual em 1934, quando é convidado pela recém-fundada USP (Universidade de São Paulo) para lecionar sociologia.

    Reprodução
    Claude Lévi-Strauss em São Paulo, em 1935; antropólogo morou no país durante três anos
    Claude Lévi-Strauss em São Paulo, em 1935; antropólogo morou no país durante três anos

    O antropólogo viveu durante três anos no Brasil, e fez várias excursões para o Centro-Oeste e o Norte do Brasil e, em contato com índios cadiuéus, bororos e nambiquaras, começa a esboçar as bases do estruturalismo, corrente que revolucionaria a antropologia em meados do século 20.

    As várias missões etnológicas e as experiências em Mato Grosso e na Amazônia foram contadas em seu terceiro livro "Tristes Trópicos" (1955), também considerado uma espécie de autobiografia intelectual. As obras fundamentais foram lançadas bem depois de sua curta temporada no Brasil.

    De volta a Paris pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, foi convocado para combater em 1939, mas deu baixa por causa da origem judia.

    Em 1941, se refugiou nos Estados Unidos, dando aulas em Nova York, onde conheceu o lingüista Roman Jakobson, que teve uma grande influência sobre seu pensamento.

    Obras

    Em obras como "As Estruturas Elementares do Parentesco" (1949), "Antropologia Estrutural" (1958), o etnólogo aplica ao conjunto dos fatos humanos de natureza simbólica o método estruturalista, que permite discernir formas invariáveis dentro de conteúdos variáveis.

    Em "O Pensamento Selvagem" (1962), Lévi-Strauss demonstra que não há uma verdadeira diferença entre o pensamento primitivo e o moderno. "Não se trata do pensamento dos selvagens e sim do pensamento selvagem. É uma forma que se atribui a toda Humanidade e que podemos encontrar em nós mesmos, mas preferimos, no geral, buscá-la nas sociedades exóticas", explicava.

    Lévi-Straus notabilizou-se também por sua atenção entre as relações entre a cozinha e a cultura. Na obra "Mitológicas" (1964-71), ele ilustra a oposição entre a natureza e a cultura, utilizando as noções de alimentos crus e cozidos, frescos e podres, molhados e queimados, por exemplo. Com isso, seria possível alcançar generalizações sobre o pensamento humano.

    Influência

    Para a maior parte do meio acadêmico brasileiro, a influência de Lévi-Strauss se deu bem depois de sua partida da USP. O etnólogo alcançou notoriedade entre os antropólogos brasileiros entre os anos 50 e 80, principalmente.

    Nos últimos anos, Lévi-Strauss viveu recolhido no apartamento que viveu nos últimos 50 anos em Paris e recebia poucos amigos.

    com France Presse

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