• Ilustrada

    Saturday, 20-Apr-2024 02:51:42 -03

    Filme conta história de avô de Regina Casé, pioneiro do rádio e da TV

    LAURA MATTOS
    da Reportagem Local

    11/04/2010 10h16

    "Naquele tempo, a mulher tinha que ser primeiro mulher antes de cantar. Tinha que dar", diz Stella Caymmi, ao lado do marido, Dorival. Regina Casé dispara: "Desculpe perguntar, você deu pro meu avô?".

    O avô da apresentadora é Ademar Casé (1902-1993), pioneiro da TV e do rádio, "patrão" de estrelas das décadas de 30 e 40, como Noel Rosa, Carmen Miranda, Silvio Caldas, Orlando Silva e o próprio Caymmi.

    "Não", responde Stella. "É que a maioria dava e subia." A conversa se deu em 2004, na comemoração dos 90 anos de Caymmi, e está na cinebiografia "Programa Casé - O que a Gente Não Inventa Não Existe", a ser exibida hoje no Festival É Tudo Verdade, no Rio, e na terça e quarta, em São Paulo.

    Divulgação
    Ademar Casé lançou grandes nomes como Noel Rosa
    Ademar Casé lançou grandes nomes como Noel Rosa

    O diretor é Estevão Ciavatta, 41, marido de Regina Casé, 55, e sócio da Pindorama, produtora do longa-metragem. O projeto, conta, começou há dez anos, quando ele recebeu o arquivo pessoal de Ademar, com depoimento gravado, fotos, contratos e filmes de 16mm com registros familiares, como a festa de um ano de Regina, e de cenas do Rio, onde despontou, e de Pernambuco, seu Estado natal.

    No garimpo por mais material, Ciavatta descobriu que nem ele, apesar de membro da família, tinha noção "da importância de Ademar para a história da comunicação brasileira".

    Migrante nordestino, Ademar "tinha tudo para ser pedreiro", mas queria mais, diz Regina. O rádio estava nascendo, na década de 20, quando ele chegou ao Rio e teve a ideia de procurar na lista telefônica as pessoas mais abastadas da cidade para tentar vender aparelhos Phillips. Com o sucesso das vendas, decidiu arrendar um horário no rádio.

    "Programa Casé" estreou em 1932, quando não havia parâmetros para o novo mercado. "Gostava de música popular e erudita. Coloquei popular das 20h às 22h e erudita das 22h à meia-noite. No primeiro horário, o telefone não parava de tocar. Às 22h, ficava mudo. Percebi que deveria ir para o lado mais popular", conta Ademar.

    Com esse faro, vieram os jingles, as radionovelas, os contratos exclusivos da era de ouro do rádio. Em 1951, Ademar foi para a TV Tupi, recém-inaugurada. Boni, mentor da TV Globo, conta no filme o comentário da época: "Se Ademar foi para a televisão, o rádio acabou".

    PROGRAMA CASÉ - O QUE A GENTE NÃO INVENTA NÃO EXISTE
    Direção: Estevão Ciavatta
    Quando: hoje, às 15h, no Unibanco Arteplex (Rio); dia 13, às 21h; dia 14, às 15h, no Espaço Unibanco (São Paulo)
    Classificação: livre

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024