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    Michel Houellebecq é acusado de plagiar a Wikipedia em novo livro

    RORY MULHOLLAND
    DA FRANCE PRESSE, EM PARIS

    06/09/2010 21h34

    Sexista, obsceno e racista são adjetivos normalmente usados para criticar os livros de Michel Houellebecq. Contra o novo romance do mais conhecido escritor francês vivo, no entanto, pesam acusações de plágio: Houellebecq teria copiado e colado trechos inteiros da Wikipedia em sua recém-lançada obra.

    "La Carte et le Territoire" ("O Mapa e o Território", em uma tradução livre) acaba de chegar às livrarias europeias, e já é considerado favorito na disputa pelo prestigiado prêmio Goncourt, em novembro.

    Muito esperado pela horda de fãs de Houellebecq (cujo último romance foi publicado em 2005), o livro satiriza alegremente o mundo da arte parisiense, incluindo um escritor bêbado, fedorento e malvestido chamado Michel Houellebecq.

    No entanto, dispensa em grande parte as provocações misantropas presentes em seus quatro romances anteriores.

    "La Carte et le Territoire" recebeu muitas críticas positivas até agora --o jornal "Libération" chegou a dizer que se trata de uma "obra-prima"--, e alguns especialistas chegaram a estimar que a ausência de sexo bizarro, misogenia e retórica anti-islã mostra que Houellebecq está finalmente mostrando um lado mais suave de sua escrita.

    Jefferson Bernardes/Folhapress
    O escritor Michel Houellebecq, 54, principal assunto literário do fim de verão na França
    O escritor Michel Houellebecq, 54, que é acusado de plagiar a Wikipedia

    Nesta segunda-feira, no entanto, o escritor --que vive na Espanha-- viu-se envolvido em uma nova e grave polêmica, depois que o site Slate.fr afirmou que ele copiara trechos da Wikipedia.

    O artigo, intitulado "A Possibilidade do Plágio", aponta pelo menos três passagens aparentemente emprestadas da edição francesa da enciclopédia online.

    "Plágio ou ferramenta estilística?", indaga o site, antes de publicar os verbetes supostamente copiados da Wikipedia ao lado de trechos do romance de Houellebecq.

    Os verbetes em questão falam sobre a mosca doméstica, a cidade de Beauvais e um ativista francês.

    O Slate.fr indica ainda que o escritor parece ter copiado a descrição do trabalho de agentes da polícia francesa do site do Ministério do Interior da França, e que copiou e colou a descrição de um hotel no sul da França da página do próprio hotel.

    Em uma entrevista gravada em vídeo e postada nesta segunda-feira pelo site da revista Le Nouvel Observateur, Houellebecq diz que a acusação de plágio é "ridícula" --apenas mais uma na longa lista de insultos já disparados contra sua obra.

    "Quando você usa uma palavra grande como 'plágio', mesmo se a acusação é ridícula, algo sempre permanecerá (...). É como racismo", afirmou o escritor.

    "E, se as pessoas de fato pensam isso, então elas não têm a menor noção do que é literatura. Isso faz parte do meu método", defendeu-se.

    Misturar textos "reais" com a ficção é uma técnica largamente utilizada por escritores de todas as épocas e estilos, como era o caso do argentino Jorge Luis Borges e do francês Georges Perec, argumentou Houellebecq.

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