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    Autor de "Anjos Proibidos" lança livro sobre seus 25 anos de carreira

    MORRIS KACHANI
    DE SÃO PAULO

    24/05/2011 07h28

    Nesta terça-feira (24), na Livraria Cultura, o fotógrafo Fabio Cabral lança um livro que traça uma retrospectiva de sua carreira. Modelos como Ana Hickmann e Alessandra Ambrosio e atrizes como Ana Paula Arósio e Claudia Raia aparecem em suas páginas, exalando sensualidade.

    Veja mais fotos de celebridades que estarão no livro

    O livro em si não constitui grande novidade. Mas curiosamente, os retratos dos Anjos Proibidos que deram a fama ao fotógrafo há exatos 20 anos, ficaram de fora. Das raríssimas impressões disponíveis deste ensaio fotográfico que foi parar no noticiário policial, paga-se até 16 mil reais na Estante Virtual.

    À época, Cabral foi indiciado pelo Ministério Público sob a acusação de incentivar a pornografia infantil. Anjos Proibidos consiste em um livro com 25 fotos em preto e branco de adolescentes seminuas com idade entre 10 e 17 anos. Dois anos depois, mediante o testemunho de importantes articuladores da cena cultural à época como Fábio Magalhães, então curador-chefe do Masp, Cabral foi declarado inocente e seu trabalho, de cunho artístico.

    Mas a pergunta persiste, existiria algo de repreensível nesta obra do fotógrafo? Assim o escritor Mario Prata prefacia a retrospectiva de Cabral: "A primeira vez que ouvi falar no Fabio Cabral eu gostei. Ele havia feito umas fotos de umas ninfetinhas. Fotos artísticas, como dizem no meio. Nunca vi tais fotos e muito menos o autor. Mas fiquei com inveja do danadinho".

    Fabio Cabral/Divulgação
    Claudia Liz
    A ex-modelo e atriz Claudia Liz em foto que estará no livro com a retrospectiva da carreira de Fabio Cabral

    Hoje casado pela segunda vez e morando em Florianópolis com a filha de 14 anos, o fotógrafo diz ter feito este trabalho para denunciar uma certa hipocrisia social. "Neste meio das modelos, é comum depararmos com meninas de 15 se insinuando para pegar um trabalho. Dizer que elas não tem sexualidade não tem cabimento. As próprias meninas não sabem como lidar com isso. Decidi revelar a realidade', afirma. E acrescenta: 'se minha filha decidisse participar de um trabalho assim, eu autorizaria".

    Rosely Sayão, psicóloga e consultora educacional, acha que o tiro saiu pela culatra. "É uma ideia de mau gosto. Esta hipocrisia existe mesmo. A gente faz de tudo para estimular a sexualidade e depois se choca. Escancarando as meninas ou seja, expondo-as, o que ele fez foi jogar mais lenha na fogueira."

    Cabral lembra que todas as imagens do livro foram produzidas com autorização dos pais e exibidas em uma galeria de arte, e que a tiragem foi de apenas 500 exemplares. Rosely ainda assim enxerga desconforto: "Em termos pessoais essas meninas não tem maturidade para tomar uma decisão como essa. Acabam decidindo com base nos valores atuais de aparecer, de ser alvo do olhar do outro, de cultivar admiração e desejo".

    Em um ponto Rosely e Cabral concordam: no contexto atual, com a sexualidade brotando cada vez mais precocemente, e com os inúmeros escândalos de pedofilia vindo à tona, se Anjos Proibidos fosse lançado nos dias de hoje, certamente causaria ainda mais polêmica. Talvez por isso Cabral não tenha colocado os tais retratos no seu livro de retrospectiva.

    Mas ele deve voltar ao tema em breve. No momento está trabalhando no roteiro de um filme chamado Apartamento 701: "é um apartamento onde moram umas quinze modelos diferentes. Vamos contar a história de uma menina que ganha um concurso no interior do Paraná e cai dentro deste apartamento. Ela fica exposta a todo tipo de influência possível: tem a gringa, a puta, a cheiradora, a ladra, a gente boa", explica o fotógrafo que há 25 anos produz peças publicitárias e ensaios fotográficos com modelos das mais variadas idades.

    Em tempo, Marcio Garces, da Ford Models, uma das maiores agências de modelo, informa sobre a prática atual do mercado: com 13 anos elas só podem fotografar, com 16 anos elas podem fotografar e desfilar. Nus a partir dos 18.

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