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    Diretora Andrea Arnold atualiza clássico da literatura inglesa em Veneza

    GABRIELA LONGMAN
    ENVIADA ESPECIAL A VENEZA

    07/09/2011 10h13

    O livro de Emily Brontë, "O Morro dos Ventos Uivantes", já tinha duas importantes versões cinematográficas. A primeira, clássica de 1939, dirigida por William Wyler, trazia Laurence Olivier no papel de Heathcliff. Em 1992, Peter Kosminsky fez uma releitura com a Juliette Binoche como a protagonista feminina.

    Veja fotos do elenco no tapete vermelho do festival

    Ontem, a diretora britânica Andrea Arnold, apresentou no festival de Veneza uma terceira proposta de adaptação para o livro, apostando num filme de poucos diálogos, com uma câmera contemporânea e detalhista.

    Alberto Pizzoli/France Presse
    Os atores Kaya Scodelario e James Howson promovem o longa "O Morro dos Ventos Uivantes" em Veneza
    Os atores Kaya Scodelario e James Howson promovem o longa "O Morro dos Ventos Uivantes" em Veneza

    Todo o filme é permeado de closes na natureza; pequenos insetos, o salto de um coelho, a textura de uma flor, a fim de compor o ambiente, simultaneamente bucólico e selvagem, em que a ação transcorre.

    "Para quem vive num ambiente como esse, a natureza é parte da vida, perpassa tudo", explicou a diretora. Ela disse que, como cineasta, sua função é transmitir sentimentos por meio de imagens, sem necessariamente fazer uso das palavras. "Procurei tirar o máximo dos atores em silêncio", acrescentou.

    Publicado em 1847, "O Morro dos Ventos Uivantes" se passa em Yorkshire, em torno da história de órfão adotado, Heathcliff, que desenvolve uma uma relação de amizade e cumplicidade com a irmã, Catherine.

    Quando o patriarca da família morre, entretanto, Heathcliff ganha status de criado e passa a ser humilhado pelo irmão, que não o aceita como parte da família. Apesar do amor que sente, Catherine decide se casar com Edgar Linton, que tem boa condição financeira. Heathcliff foge da propriedade e volta, muitos anos depois, para rever Catherine e vingar-se do irmão.

    Arnold, que leu o livro na juventude e voltou a ele recentemente, diz interessar-se particularmente pelo processo psicológico de Heathcliff. "Se alguém é maltratado na infância, é certo que as marcas aparecerão de uma maneira ou outra na idade adulta."

    A principal inovação está na escolha de atores negros para o papel de Heathcliff (Solomon Glave mais jovem e James Howson mais velho). Para viver Catherine adulta, a diretora escolheu Kaya Scodelario, filha de mãe brasileira e que ganhou projeção no Reino Unido depois de integrar o elenco do seriado "Skyns"

    Arnold venceu duas vezes o troféu do júri no Festival de Cannes. Primeiro, com " Marcas da Vida", de 2006, depois com "Aquário", em 2009.

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