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    Filarmônica de Los Angeles liderará esforço dirigido a jovens

    DANIEL J. WALKIN
    DO "NEW YORK TIMES"

    10/10/2011 08h22

    A Filarmônica de Los Angeles tomou a iniciativa de orientar um programa de ensino de alcance nacional nos Estados Unidos que tomará por base El Sistema, o movimento surgido na Venezuela para combinar ensino de música e assistência social. A orquestra anunciou na terça-feira que criaria um departamento, promoveria conferências nacionais e apoiaria um programa de treinamento para promover esse esforço.

    O Bard College, em Annandale-on-Hudson, Nova York, e a Longy School of Music, de Cambridge, Massachusetts, vão se unir à orquestra em uma parceria de apoio ao movimento, e criarão programas de mestrado para o ensino do método usado por El Sistema. O Bard e o Longy estão em processo de fusão.

    A parceria contratará dois funcionários e servirá como ponto de referência nos Estados Unidos para os "núcleos", o nome que os centros de treinamento empregados sob o método venezuelano são conhecidos, disse Deborah Borda, presidente da Associação Filarmônica de Los Angeles.

    El Sistema tem por objetivo utilizar o ensino de música clássica para melhorar as vidas de crianças pobres e ajudar bairros de baixos recursos. Na Venezuela, o programa beneficiou mais de 400 mil jovens, e se expandiu a outros países, capturando a imaginação de importantes músicos, professores e dirigentes no mundo da música clássica.

    O programa do Bard College e Filarmônica de Los Angeles, inspirado por El Sistema, levará o nome de Take a Stand. Seu primeiro evento importante será uma conferência em Los Angeles de 30 de janeiro a 1º de 2012, envolvendo participantes de todos os Estados Unidos. Depois, começando em junho, um primeiro grupo de cerca de 15 alunos iniciará um programa de mestrado de um ano de duração, boa parte do qual dedicado à Orquestra Jovem de Los Angeles, um programa semelhante a El Sistema mantido pela filarmônica, e a aulas em uma escola em Delano, Califórnia, associada ao Bard, disse Karen Zorn, reitora do Longy College. O currículo está sendo desenvolvido pelas duas faculdades envolvidas.

    "Vamos pegar a estrada com esse programa", disse Borda.

    Parte do desafio, para os proponentes de El Sistema, é descobrir como adaptar seu modelo a outros países que não a Venezuela, onde ele recebe verbas do governo e opera sob controle centralizado. Nos Estados Unidos, programas semelhantes mas separados surgiram com diversos modelos distintos.

    "El Sistema é uma inspiração", disse Leon Botstein, reitor do Bard. "Não uma fórmula".

    Ele acrescentou que a principal meta da parceria era "tentar formar um quadro de professores que levem a música clássica a populações que usualmente não teriam acesso a ela".

    O novo programa preenche um vazio surgido este ano quando o New England Conservatory, de Boston, se dissociou de um projeto nascente, chamado El Sistema USA, para organizar os diversos programas semelhantes surgidos nos Estados Unidos. O New England Conservatory deu início ao esforço com um programa para formar 10 professores ao ano utilizando os métodos de El Sistema. O programa está no terceiro de seus cinco anos de duração.

    Os dois programas, disse Borda, não estão em conflito. Os profissionais formados pelo New England Conservatory estão aprendendo a administrar núcleos, disse, e os alunos do Take a Stand serão preparados para ensinar neles.

    "Creio que as iniciativas sejam complementares", acrescentou. "Nosso programa difere do El Sistema USA porque as três organizações envolvidas dispõem de recursos bastante específicos e empreenderão trabalhos bastante específicos".

    Borda informou que o custo do programa superaria a marca do US$ 1 milhão ao ano, e que financiamento para ele estava sendo incorporado ao orçamento regular da Filarmônica.

    Eric Booth, consultor de diversos dos núcleos operando nos Estados Unidos e assessor sênior de El Sistema USA, minimizou o papel formal da Filarmônica de Los Angeles nos esforços nacionais. Ele disse que o El Sistema USA ainda está em busca de um papel.

    "As pessoas estão se envolvendo em suas horas vagas", disse Booth. "Até onde sei, a Filarmônica de Los Angeles não vai atender a todas as necessidades do setor".

    Ele elogiou a parceria como "um próximo passo necessário, muito bom e muito sólido, para um movimento em ascensão". O maior problema para os mais de 50 núcleos em operação nos Estados Unidos é obter professores que compreendam a natureza específica da missão de El Sistema.

    O Take a Stand, disse Booth, "não apenas oferece o reconhecimento de uma instituição importante a essa forma de aprender e ensinar e seus méritos únicos como produzirá os professores desesperadamente necessários para os projetos".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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