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    Produtor de 'Laranja Mecânica' fala sobre atualidade do filme

    LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    14/10/2011 09h14

    Em 1971, o cineasta Stanley Kubrick (1928-1999) ficou horrorizado com os desdobramentos de sua obra que mais influenciou cultura pop, moda e comportamento.

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    Lançado naquele ano, "Laranja Mecânica" disparou uma onda de violência no Reino Unido, o que fez com que o próprio diretor pedisse que o longa fosse tirado de cartaz, mesmo com ótimos resultados em bilheteria.

    "Ele ficou triste com as reações do público e com o comportamento da mídia de ter embarcado na ideia de culpar o filme", conta Jan Harlan, produtor do clássico e cunhado de Kubrick.

    "Seria bem diferente hoje, já que a violência no cinema superou -e muito- aquela mostrada em 'Laranja'."

    Harlan é um dos primeiros convidados da 35ª Mostra de São Paulo a chegar à cidade.

    O festival começa no dia 21 e o alemão dará uma aula sobre Kubrick no dia 25, na Faap, em que falará sobre a versão restaurada do filme.

    O longa retrata um futuro em que jovens delinquentes infernizam a sociedade com violência gratuita.

    "Uma cena não precisa ser realista. Precisa ser tão real quanto a conexão emocional que faz com o espectador. Kubrick conseguiu filmar estupros terríveis apenas cortando da cena para a trilha sonora. Não é o que se vê, é o que se sente que faz com que as cenas sejam tão fortes."

    Harlan e Kubrick trabalharam juntos por 30 anos.

    Divulgação
    O ator Malcolm McDowell em "Laranja Mecânica", de Kubrick
    O ator Malcolm McDowell em "Laranja Mecânica", de Kubrick

    Foi o alemão que negociou, a pedido de Kubrick, os direitos de "Traumnovelle", de Arthur Schnitzler.

    O livro daria origem, 30 anos depois, ao filme "De Olhos Bem Fechados" (1999).

    Uma semana após a exibição desse longa para produtores, Kubrick morreu.

    Convidado a fazer um documentário sobre o diretor, Harlan diz que "A Life in Pictures" (2001) foi "terapêutico" e o ajudou a lidar com o choque da morte repentina.

    "Kubrick era obcecado por fazer filmes que importassem. Seus medos eram a mediocridade e a irrelevância."

    Hollywood passou ao largo disso, e o único Oscar concedido a ele foi para os efeitos especiais de "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968).

    A Mostra exibe ainda "Era uma Vez... Laranja Mecânica", de Antoine de Gaudemar (leia crítica ao lado).

    "Gaudemar apenas demonstra que esse filme de 40 anos segue atual. Vai continuar sendo visto com interesse por nossos netos e pelos netos de nossos netos", avalia Jan Harlan.

    OFICINA JAN HARLAN
    QUANDO dia 25, às 19h, na Faap (r. Alagoas, 903, tel. 0/xx/11/3662-7000)
    QUANTO grátis (retirar senha uma hora antes)

    LARANJA MECÂNICA
    QUANDO dias 22, às 21h, e 27, às 19h40, no Arteplex; e dia 25, às 22h, no Cinesesc

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