A largada do UMF (Ultra Music Festival), último dos grandes festivais a aportar no Brasil em 2011, teve de ex-baterista do Sepultura a filho da atriz Susana Vieira.
O que faltou mesmo, nas primeiras horas, foi público.
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UMF começa morno no sambódromo do Anhembi
É mais ou menos como quando alguém convida milhares de pessoas para uma festa, coloca o som para tocar, as bebidas para gelar... E, num primeiro momento, quase ninguém dá as caras.
Daqui a algumas horas o lugar vai estar cheio de gente, e você nem vai lembrar do nervosismo de "pagar mico" com o fiasco da casa vazia.
Com o tino para showman da mãe global, Susana Vieira, o DJ Rodrigo Vieira foi a quarta atração do dia, mas primeira a arrancar aplausos e até gritinhos de empolgação da ainda esvaziada plateia.
Nos telões, Vieira fez algumas experimentações visuais. Um dos filmetes mostrava a corrida de uma figura andrógina, vestida com meião e saiote típico escocês, uma mala pesada nas mãos.
Vieira e os colegas DJs Márcio Vermelho, Renato Ratier (proprietário da casa noturna D-Edge) e Rodrigo Arjonas tocaram para um público ainda desaquecido.
Imperavam os óculos escuros (mesmo sem sol), tênis modernosos (estilo é tudo) e algumas mochilas com o "kit-festival" (Red Bull + casaco para o frio da madrugada).
As aglomerações foram maiores com o MixHell, projeto de Igor Cavalera, ex-baterista do Sepultura, e sua mulher, Laima Leyton.
Enquanto ela, com ares de pin-up do século 21, se ocupava das carrapetas, com um eletro dançante, ele soltava a mão na bateria, com baquetas nervosas. Reflexo do metal que Igor e o irmão Max Cavalera faziam com o Sepultura nos anos 90.
Alexandre Rezende/Folhapress | ||
Igor Cavalera, ex-baterista do Sepultura, durante apresentação do Mixhell no UMF |
NEW ORDER, CADÊ VOCÊ...
"... só vim aqui para te ver!",entoava um grupinho grudado na grade do palco principal.
O UMF conta com uma legião roqueira que aguenta firme e forte pela chegada do New Order, mais calcado no pop-rock dos anos 80 do que na proposta eletrônica da festa.
Várias pessoas vestiam camisa com o nome da banda. Todas elas com cara de paisagem diante do set eletrônico das atrações que antecedem o conjunto britânico.
Luciana Oertli, 33, veio de Recife para conferir a formação estilhaçada da banda --sem o baixista Peter Hook, que saiu em 2007.
Ela não acha que New Order é o arroz do feijão eletro. Para Luciana, a organização "viajou" em escalar os britânicos para o festival.
Ainda bem. "Ah, vale o sacrifício", diz, esperar mais de três horas em pé para ver o grupo pela primeira vez. Ainda são 18h, e o New Order só toca às 21h30.
ORGANIZAÇÃO
Ao contrário da edição anterior, feita no lamaçal da Chácara do Jockey, ninguém precisou pôr o pé na lama para curtir os beats eletrônicos no asfalto do sambódromo do Anhembi.
A chuva, sempre uma promessa em dezembro, ainda não caiu.
Até mesmo pelo público pequeno nas primeiras horas, mais fácil de administrar, o festival mostra uma organização bem decente.
Os shows começam pontualmente. Ambientes ainda limpos, "graças a Deus", segundo a simpática senhorinha que tomava conta de um dos banheiros do local. "Papel higiênico de sobra!"
São vários estandes para buscar comes e bebes, e mesmo alguns vendedores que circulam com balas e cigarros oferecem a possibilidade de pagar com cartão de crédito.
Alguns reparos de última hora, contudo, por pouco não atrapalharam a diversão do público.
No meio do set do DJ Márcio Vermelho, ainda no começo da festa, bombeiros e seguranças isolaram a parte em frente ao palco por alguns minutos.
Alguns operários faziam ajustes na parte superior da estrutura, e uma fita amarela delimitava a área de segurança --para que ninguém fosse atingido por parafernálias que eventualmente caíssem lá de cima.
Alexandre Rezende/Folhapress | ||
Público assiste à discotecagem do DJ Marky no Ultra Music Festival |