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    Artista coloca mais de 300 boias no espelho d'água do Congresso

    NÁDIA GUERLENDA
    DE BRASÍLIA

    08/12/2011 16h48

    O artista paulistano Eduardo Srur --aquele que, entre outras obras, colocou caiaques no rio Pinheiros e atacou as vacas da Cow Parade com o "Touro Bandido"-- fez sua primeira intervenção urbana em Brasília: atirar 360 boias laranjas em um dos espelhos d'água do Congresso.

    A obra, intitulada "A Arte Salva", teve a participação de cerca de cem pessoas, a maioria delas estudantes de artes plásticas da UnB (Universidade de Brasília). No mês passado, Srur havia dado uma palestra na universidade, onde apresentou o projeto e pediu a colaboração dos alunos para sua concretização.

    "Ele me ganhou já no título da intervenção. Foi a arte que me salvou até hoje", diz a estudante Thais Oliveira, 19. Ela afirmou que a obra pode chamar atenção para o "descaso" com o qual o governo trata a arte no país.

    Sérgio Lima/Folhapress
    Intervenção feita por Eduardo Srur em Brasília
    Intervenção feita por Eduardo Srur em Brasília

    Vestidos com capas de chuva também laranjas, os presentes arremessaram as boias --numeradas e com a inscrição "A Arte Salva" -- no espelho d'água. Alguns participantes mais ousados chegaram a mergulhar e fazer "ski-bunda" nos barrancos de grama usando as boias como apoio.

    "Essa é a mágica da obra pública, aberta: cada um dos que estão aqui tem a liberdade de participar como achar melhor", diz Srur. Ele afirma que a intervenção pretende "transformar o cotidiano das pessoas" e fazê-las pensar sobre a arte.

    Srur explica que o número de boias foi escolhido para fazer referência a uma volta completa (360º) e "propor a arte em todas as direções, fora do espaço institucional." Já o local da intervenção foi escolhido por ser o Congresso "a casa do povo".

    "Essa obra é um presente para o Congresso, então eu gostaria que eles fizessem parte do jogo e viessem buscar o seu presente", afirma. Funcionários das Casas e policiais que assistiam à intervenção, porém, davam indicativos de que até o final do dia as boias seriam retiradas da água.

    Perguntada se tinha esperança de que a obra permanecesse, a estudante Thais respondeu, enquanto atirava mais uma boia à água: "Bom, a gente está aqui para isso, né? Para manter a coisa fluindo".

    As boias foram retiradas cerca de duas horas após a manifestação.

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