Morreu na manhã deste sábado (17) o ator e diretor Sergio Britto, aos 88 anos. Ele estava internado desde novembro no Hospital Copa D'or, no Rio, por conta de problemas cardiorrespiratórios. O velório ocorrerá à tarde na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), no centro. O enterro ocorre amanhã no Cemitério do Caju.
Veja imagens da carreira do ator Sergio Britto
Leia e assista entrevista de Sergio Britto para a Folha em 2010
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Em agosto, ele já havia sido internado no mesmo hospital, ao apresentar um quadro de bronquite e infecção respiratória.
Luciana Whitaker - 26.abr.95/Folhapress |
O ator e diretor entre fitas de vídeo da sua videoteca |
Nascido em 29 de junho de 1923, o ator começou a carreira em 1945 e participou em 1948 de uma histórica montagem de "Hamlet" estrelada por Sérgio Cardoso. Renomado nome do teatro brasileiro, com dezenas de prêmios, trabalhou em mais de cem peças, passando de 90 as que subiu ao palco como ator.
À Folha, porém, Britto disse que só começou a se considerar ator em 1953, com as estripulias de "Uma Mulher e Três Palhaços".
Em 1959, foi fundador, em São Paulo, do Teatro dos Sete, em parceria com Gianni Ratto, Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Ítalo Rossi. Duas décadas depois, fundaria, no Rio, o Teatro dos Quatro, sala que funciona até hoje. Foi também diretor do Centro Cultural do Banco do Brasil.
Na televisão, ele foi o diretor de "Ilusões Perdidas", primeira novela da TV Globo, em 1965.
A mudança na carreira aconteceu quando ele deixou os papéis de galã, adequados ao seu então perfil atlético, e passou a fazer espetáculos difíceis como "Fim de Jogo" (1970), "Tango" (1972), "Autos Sacramentales" (1974) e "Quatro Vezes Beckett" (1985).
Britto relatou sua tentativa de suicídio, quando cortou os pulsos, aos 22 anos. Segundo ele, era uma tentativa de se libertar, livrar-se da medicina que estudou para agradar os pais --cursou até o sexto ano, na Faculdade da Praia Vermelha, e formou-se em 1948.
Cinemaníaco compulsivo, tinha uma coleção com milhares de fitas de vídeo, a maioria filmes de todas as épocas. As demais eram gravações de ópera, outra de suas paixões.
Em 2010, lançou a autobiografia "O Teatro e Eu" (Tinta Negra), em que fala dos grandes amigos, como Fernanda Montenegro, e dos colegas com quem se desentendeu, casos de Beatriz Segall, Laura Carneiro, Osmar Prado e outros.
Neste ano, o ator contracenou com Suely Franco na peça "Recordar é Viver", dirigida por Eduardo Tolentino, em texto de Hélio Sussekind.
Filipe Redondo - 15.fev.09/Folhapress | ||
Internado há cerca de um mês, o ator Sérgio Britto morreu neste sábado (17) |
Veja a cronologia da carreira de Sergio Britto:
1923
Nasce Sérgio Pedro Corrêa de Britto, no Rio de Janeiro, no dia 29 de junho
1948
Forma-se em medicina, mas não exerce a profissão. Durante a faculdade faz suas primeiras atuações no teatro universitário
1949
Profissionaliza-se como ator, fundando o Teatro dos Doze ao lado de Sergio Cardoso
1952
Realiza sua primeira experiência de direção, montando, em parceria com Carla Civelli, "O Homem, A Besta e A Virtude", de Luigi Pirandello.
1953
Participa do primeiro elenco profissional do Teatro de Arena, atuando em "Esta Noite é Nossa", de Stafford Dickens, com direção de José Renato
1956
Transfere-se para o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde participa de importantes montagens.
1959
Junto a Gianni Ratto, Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Ítalo Rossi, dissidentes da companhia paulista, funda o Teatro dos Sete, que tem estreia de grande sucesso com "Mambembe"
1963
Dirige na TV Rio "A morta sem espelho" de Nelson Rodrigues. Nos anos 60 atua em diversas peças e dirige uma série de novelas para a televisão.
1971
Ao lado de Fernanda Montenegro, atua na peça "O Marido Vai à Caça", de Georges Feydeau, dirigido por Amir Haddad. Trabalhará com a atriz e com o diretor outras vezes na década.
1978
Funda o Teatro dos 4, no Rio de Janeiro
1985
Atua em "Quatro Vezes Beckett", que marca o início da trajetória do diretor Gerald Thomas no Brasil
1989
Assume a direção artística do Centro Cultural do Banco do Brasil - CCBB
1996
Lança sua autobiografia "Fábrica de Ilusão: 50 Anos de Teatro"
2009
Com as peças "A última gravação de Krapp" e "Ato sem palavras I", de Samuel Beckett, ganha o Prêmio Shell de melhor ator.
2010
Protagoniza, juntamente com Suely Franco, a peça "Recordar é Viver", com direção de Eduardo Tolentino de Araújo.