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    Em filme, Eduardo Escorel faz tributo a músico Paulo Moura

    LUCAS NOBILE
    DE SÃO PAULO

    03/04/2013 03h31

    A 18ª edição do É Tudo Verdade começa amanhã, em sessão para convidados, com um pedido de desculpas. Não da organização do festival, mas de Eduardo Escorel, diretor de "Paulo Moura - Alma Brasileira", documentário que será exibido na abertura paulistana do evento.

    Crítica: Paulo Moura se impõe, monumental, em obra que encanta pela beleza

    Tanto no começo quanto no fim do filme, em tom de lamento, o cineasta fala em "poderes mesquinhos" que impossibilitaram a veiculação de imagens e a preservação da memória do músico Paulo Moura (1932-2010).

    "Enfrentamos vários tipos de dificuldades. Acho importante que o espectador saiba as circunstâncias em que o filme foi feito. Omitir isso seria uma traição com o público", diz Escorel.

    Daniel Marenco/Folhapress
    O diretor Eduardo Escorel, no Jardim Botânico, no Rio
    O diretor Eduardo Escorel, no Jardim Botânico, no Rio

    Em 2008, ele decidiu que faria o filme, buscou patrocínios e recebeu autorização do próprio Moura para a realização do longa. Tudo mudou em julho de 2010, quando o compositor morreu, de um câncer no sistema linfático.

    "Algumas pessoas [Escorel não quis dar nomes] tinham imagens e cobraram quantias exorbitantes. Pelo menos quatro sequências eu gostaria de ter usado no filme, mas não fui autorizado", lamenta.

    Com a morte do músico, o cineasta teve de correr atrás de imagens, já que começaria a gravar com Moura apenas em agosto daquele ano.

    Impossibilitado de filmar novos depoimentos do clarinetista --considerado um dos maiores instrumentistas do país--, Escorel optou por usar apresentações do músico inéditas no Brasil.

    Há shows nos festivais de Montreux (Suíça), Berlim, Tel Aviv e Lagos (Nigéria).

    Mas não houve apenas portas fechadas durante a feitura do filme. O cineasta também teve acesso à íntegra de uma entrevista concedida pelo músico ao violonista Marcello Gonçalves e ao diretor Mika Kaurismäki para o documentário "Brasileirinho" (2005). Os trechos não utilizados naquela produção foram usados por Escorel.

    Veja vídeo

    NEM CHORO NEM VELA

    Ver Paulo Moura dar notas musicais "na trave", improvisando fora da harmonia proposta, era cena rara. Pelo menos uma vez isso aconteceu, de maneira justificável.

    Dois dias antes de morrer, o clarinetista recebeu familiares e músicos na clínica São Vicente, na Gávea, onde estava internado, para a sua despedida musical.

    No encontro, aéreo e sob efeito de sedativos, Moura tocou brevemente "Doce de Coco", de Jacob do Bandolim.

    Convidado pela família do instrumentista, Escorel foi ao local, filmou a despedida, mas não recebeu autorização de alguns presentes para incluir as cenas no documentário sobre o músico nascido em São José do Rio Preto (SP).

    "Como diretor, foi penoso ter que tirar aquela sequência do filme. Foi a única coisa que eu gravei com ele vivo, mas respeito a opinião das pessoas", lamenta Escorel.

    É possível assistir a um trecho da sessão no YouTube.

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