Lobão não para de falar. Aos 55 anos, volta a anarquizar a cena cultural brasileira.
"Tudo passa na Lei Rouanet", diz Lobão em entrevista
Depois de vender 150 mil exemplares de sua autobiografia ("Lobão - 50 Anos a Mil", editora Nova Fronteira), agora ele lança "Manifesto do Nada na Terra do Nunca".
Com tiragem de 40 mil exemplares --o anterior saiu com 10 mil--, o livro traz duras críticas a figuras dos meios artístico e político do país.
Para a feitura do livro, que demorou sete meses, o compositor diz ter lido mais de 60 obras --de Slavoj Zizek a Olavo de Carvalho e "tudo sobre a Semana de Arte de 1922"-- para sustentar argumentos.
Em "Manifesto do Nada na Terra do Nunca", Lobão defende que as ideias propostas na Semana de 1922 acabaram por moldar todo o pensamento cultural brasileiro até os dias de hoje, influenciando movimentos posteriores, como o cinema novo, o concretismo e a tropicália.
Ele argumenta que a antropofagia, base da Semana de 22, que defendia uma arte brasileira que bebesse das vanguardas estrangeiras, não passava de mero nacionalismo.
Ao longo de quase 300 páginas, quase ninguém escapa da mira de Lobão.
A presidente Dilma Rousseff é chamada de "torturadora" --em capítulo cujo título é "Vamos Assassinar a Presidenta da República?"--, Roberto Carlos, de "múmia deprimida" e os Racionais MCs, de "braço armado do PT".
Além disso, ele explica sua briga com os organizadores do festival Lollapalooza, no ano passado, quando desistiu de se apresentar por ter se considerado subestimado.
Lobão diz que sua apresentação na Virada Cultural, em maio, será um termômetro da reação do público. "Quando escrevia o livro, tive medo de ser 'simonalizado' [referência a Wilson Simonal], tachado de reacionário. Vamos ver se terei espaço para trabalhar."