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    Pop rock se rende a bandas de dois músicos

    LUCAS NOBILE
    DE SÃO PAULO

    08/05/2013 03h27

    Eles são duplas, mas nada sertanejas. Ignoram os "mullets" (aquele cabelinho descendo ao pé da nuca), que marcaram os anos 1990 com Zezé di Camargo & Luciano e Chitãozinho e Xororó, e tampouco trajam as camisas xadrez e as calças coladas dos universitários da atualidade.

    Formam um duo musical cuja sonoridade passa longe dos repentistas Caju e Castanha ou do funk melódico de Claudinho e Buchecha.

    Vinda de Belém, no Pará, a dupla Strobo --o guitarrista Léo Chermont e o baterista Arthur Kunz-- reforça a expressão de que "um é pouco, dois é bom e três é demais" como um dos principais exemplos de um cenário de bandas brasileiras de pop rock formadas por só dois integrantes.

    Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress

    Depois de começar a ganhar espaço na cena local com três EPs virtuais e com um disco, o duo apresenta seu pop instrumental, mesclando música eletrônica a ritmos regionais, como o carimbó e a guitarrada, pela primeira vez em São Paulo.

    O Strobo toca na Virada Cultural, do dia 19, às 14h, no palco Cásper Líbero.

    "Tínhamos dificuldade de encontrar um terceiro músico que pudesse acreditar no nosso som. Trabalhar com música autoral não é muito fácil em Belém", diz Arthur Kunz, da dupla que lançou o álbum "Delírio Cromático".

    "Muitas músicas têm partes que eu e o Léo não tocamos e ficamos ouvindo o som junto com a plateia. É hora de assumir que existe um terceiro integrante na banda: a programação", completa.

    Entre as "bandas de dois" que dispensam integrantes para, na maioria das vezes, usar programações eletrônicas, Strobo não está só. Ao lado dela aparecem Tetine, The Baggios, Agridoce, Letuce, Madrid, Brothers of Brazil e Silva, entre outros.

    Se esse conjunto de duplas com sonoridades para todos os gostos e estilos vem ganhando força no país, no exterior o formato se estabeleceu faz algumas décadas.

    Lá fora não faltam exemplos como White Stripes, Daft Punk, Pet Shop Boys, The Black Keys, Soft Cell, Outkast, Roxette, The Kills, Kings of Convenience, Simon & Garfunkel, entre outros.

    "Quando morei na Irlanda, em 2009, vi muitos duos. E não via muito no Brasil este formato, encontrava mais a formação tradicional de baixo, guitarra e bateria", comenta Silva, que lançou em 2012 seu elogiado disco "Claridão", em que gravou tudo sozinho, mas se apresenta nos palcos ao lado do baterista Hugo Coutinho com um som que vai de Guilherme Arantes a James Blake, passando por Roupa Nova.

    No Brasil, um dos pioneiros no formato de duplas nada sertanejas foi o duo Os Mulheres Negras, criado em 1985 por Maurício Pereira e André Abujamra. De volta à atividade, eles têm a trajetória retratada no documentário "Música Serve para Isso: Uma História dos Mulheres Negras", com exibição nesta quarta-feira (7) no festival In-Edit.

    CONTENÇÃO DE GASTOS

    A maioria das duplas diz apostar no formato basicamente por opção estética, mas, em muitos casos, o fator econômico também influencia na formação enxuta.

    "A opção é estética mesmo, mas imagina passar um mês na Europa? O fato de ser uma dupla facilita", diz Adriano Cintra (ex-CSS), que forma o Madrid com Marina Vello.

    "No nosso caso tem muito o lance de fazer música entre irmãos. Depois disso, pensamos que seria bem mais barato tocar lá fora, financeiramente é vantajoso", comenta Supla, que toca no duo Brothers of Brazil com seu irmão João Suplicy desde 2009.

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