Há 41 anos, um húngaro chamado Laszlo Toth pulou o altar na basílica de São Pedro e deu 12 golpes de martelo na escultura Pietà, de Michelangelo, danificando severamente a obra renascentista.
Para marcar o ataque de 21 de maio de 1972, o Museu do Vaticano realizou um seminário de um dia na última terça-feira (21) sobre a estátua, o incidente, e o que, posteriormente, se tornou uma das restaurações de arte mais delicadas e controversas da história.
Em seu ataque contra a obra, que retrata a Virgem Maria segurando o corpo de Jesus morto minutos depois de ter sido tirado da cruz, o geólogo desempregado derrubou o braço e a mão esquerda da estátua.
Toth, que alternadamente disse que era Jesus Cristo ou Michelangelo, também quebrou o nariz em três partes e deixou cerca de 100 outros fragmentos, incluindo lascas da parte de trás da cabeça, sobre o chão da capela onde estava em exposição.
Musei Vaticani/Reuters | ||
A escultura Pietà, de Michelangelo, após ser danificada por um visitante da basílica de São Pedro e depois da restauração |
Na época, os historiadores de arte ficaram divididos sobre como proceder com a restauração da obra-prima.
Após o ataque, alguns historiadores de arte e restauradores queriam que a estátua ficasse danificada como um sinal dos tempos violentos. Outros disseram que deveria ser restaurada, mas com marcas claras que delimitassem as partes avariadas, como um testemunho histórico.
No entanto, o Vaticano decidiu pelo que é conhecido como uma "restauração integral", um processo que não deixa qualquer vestígio da intervenção visível a olho nu.
"Com qualquer outra estátua, deixar as feridas (do ataque) visíveis, por mais doloroso que fosse, poderia ter sido tolerado", afirmou o diretor dos Museus do Vaticano, Antonio Paolucci.
"Mas não com a Pietà, não com esse milagre da arte", disse.
Cerca de 10 meses após o ataque, a Pietà foi exibida novamente na capela que leva seu nome, desta vez atrás de um painel de vidro à prova de balas, onde é vista por milhões de pessoas a cada ano.